Espera-se que Mariana tenha novo período de paz política

27 de Junho de 2012
Jornal O Liberal

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Mauro Werkema

Infelizmente Mariana tornou-se, nos últimos anos, um exemplo perverso de como a política exercida sem civismo pode infelicitar uma cidade. Tricentenária, primeira capital de Minas, matriz e pioneira de tantas conquistas da formação política e cívica de Minas e do Brasil, Mariana trocou de prefeito cinco vezes nesta legislatura e cada um com visões e posturas diferentes e conflitantes, levando a velha cidade a uma situação de descontinuidade administrativa. Em constante tensão, paralisada e asfixiada pelas divergências, a que não faltou até um assassinato, Mariana tem nas eleições de outubro a possibilidade de obter uma pacificação política, realizando pleito que lhe permita reencontrar nova etapa de paz, de evolução administrativa, de diálogo cívico e construtivo entre suas lideranças responsáveis.

A liberação, pela Justiça Eleitoral, dos ex-prefeitos Celso Cota e Roque Camêllo deve contribuir para esta pacificação. Cabe a Celso Cota, candidato do PSDB, com liderança nas pesquisas, conduzir o processo de pacificação já na sua campanha. Esta seria sua maior missão, além da retomada de iniciativas iniciadas na sua última gestão e que davam a Mariana uma nova identidade de cidade turística e cultural. Mariana, tanto quanto Ouro Preto, possui um rico e raro patrimônio histórico e artístico, entre muitas outras primazias, capacitando-se à obtenção de um título de Patrimônio Cultural da Humanidade junto à UNESCO. Esta era a intenção do prefeito Celso Cota, que iniciou várias providências preparatórias da cidade nessa senda, já contando com o apoio do Ministério da Cultura e do IPHAN, instituições parceiras na conquista.

O Centro de Convenções, projeto do arquiteto Gustavo Penna, que daria a Mariana condições de qualificar o seu turismo sediando eventos e reuniões, implantado na sua estrutura básica, permanece desviado de sua destinação. O Centro de Atenção ao Turismo, na Rua Direita, concebido como equipamento moderno de planejamento e reflexão da atividade, está praticamente abandonado. Realizou-se a transformação da antiga e horrorosa rodoviária, na entrada da cidade, reconcebida como peça básica de orientação ao turismo e à cultura, permanece sem cumprir a função que motivou seu agenciamento arquitetônico. O Centro Esportivo, moderno, que alavancaria Mariana como destino nacional no ramo, ficou inacabado. E as obras das novas sedes da Prefeitura e da Câmara não tiveram prosseguimento. O antigo Palácio de Assumar, histórico e imponente, que seria o Museu do Imaginário Popular, concepção já elaborada, ficou no papel. E, assim, várias outras iniciativas. Mariana perdeu tempo, recursos, credibilidade, iniciativas. Ficou sem rumo ou direção, perdida em seus conflitos internos.

Há, entre todos os que conhecem a velha cidade, entre os governantes, parlamentares, empresários, historiadores, artistas e jornalistas, um imenso desejo de que Mariana, de tantas raízes e tradições, retome seu caminho, reencontre seu destino, torne-se cidade de cultura, visitada por pessoas de todo o mundo, hospitaleira. Não faltam recursos, que vão crescer com a expansão da mineração. Mas é preciso entendimento, diálogo, paz e serenidade, para que suas forças políticas encontrem um consenso mínimo, capaz de permitir uma nova etapa, um novo tempo. É o que nós todos esperamos, confiantes no bom senso e na manifestação de uma maturidade histórica e cívica que tanto distinguiram Mariana na sua tricentenária trajetória. Mariana, afinal, está na alma de todos os mineiros.

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