Falso humilde

11 de Agosto de 2017
Valdete Braga

Valdete Braga

Um dos defeitos mais graves do ser humano, já tão cheio deles, é a arrogância. Não conheço um único arrogante feliz, embora, graças a Deus, conheça poucos. A pessoa arrogante vive de aparências, da obrigatória sensação de estar sempre certo e de sua superioridade sobre os demais, e isto acaba tornando-o um ser amargo. Sua necessidade de auto afirmação é tamanha que por vezes engana a si mesmo, movido pela necessidade de ser sempre mais do que o resto do mundo.

Existe, porém, uma espécime que consegue ser pior do que o arrogante: o falso humilde. A arrogância se mostra por si só e o indivíduo arrogante não engana ninguém. Já o falso humilde, além de mentir para si mesmo, mente para os outros, sempre se mostrando como aquela pessoa boa, sempre disposta a fazer o bem e a ajudar, sempre voltada para a caridade e o bem estar social. Falam de Deus e pregam a caridade, mas também fazem questão de propagar isto. O falso humilde se arvora da própria humildade, e costuma ser incapaz de praticá-la.

Nem lhe passa pela cabeça aquela passagem bíblica “a mão esquerda não precisa ver o que a direita faz”. Pelo contrário, ele conta para todo mundo o quanto é humilde e bom, exibe cada ato de bondade como um troféu. Que humildade é esta que é arvorada com tanto orgulho? A pessoa estufa o peito para dizer o quanto ela é humilde, sem perceber que este ato, por si só, já é uma demonstração de orgulho.

Quem é de verdade, não precisa dizer. Humildade não se propaga. Falo da humildade na verdadeira acepção da palavra, que não tem nada a ver com subserviência. Humilde não é quem abaixa a cabeça. Ou quem aceita tudo. Ou quem se deixa humilhar sem reagir. Isto é submissão, que não tem nada a ver com o sentido real da humildade.

Ser humilde é reconhecer suas limitações sem sentir-se diminuído por elas. É aceitar opinião alheia. É entender que não ser perfeito não é demérito, pelo contrário, faz parte do ser humano. Como alguém pode se dizer humilde e ser “sincero” magoando o outro? Nada contra a sinceridade, muito pelo contrário. Já falei sobre isto e não me canso de repetir: franqueza não é grosseria. Mas este é outro assunto, o que quero exemplificar com ele é que está cheio de “humildes” por aí, que na primeira oportunidade saem pisando nas pessoas. Este é o falso humilde, que não leva seu discurso para a prática. Diga-se de passagem, só por ter discurso já abandonou a humildade pregada. O bem que se faz não precisa ser anunciado a quatro ventos.

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