Faltando duas semanas, a Copa tem muitas incertezas

27 de Maio de 2014
Jornal O Liberal

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Mauro Werkema

Faltando duas semanas para o início da Copa do Mundo, considerado o maior evento do planeta e disputado por todos os países, pelos ganhos econômicos e a publicidade que traz para o país hospedeiro, o Brasil vive várias contradições e incertezas, mas também expectativas de ganhos, receitas e visibilidades. O evento, pelos números da Fifa, trará ao Brasil, para assistir aos jogos espalhados por 12 capitais, cerca de quatro mil jornalistas, especializados em esporte e na cobertura geral, cerca de 180 mil torcedores estrangeiros, 32 seleções de todo o mundo, com dezenas de jogadores e dirigentes esportivos e levará aos estádios cerca de três milhões de espectadores. A previsão é de que vai gerar receitas diretas em torno de R$ 6 bilhões. Em Belo Horizonte virão cerca de 1.300 jornalistas especializados e outro tanto para a cobertura geral, e cerca de 45 mil estrangeiros. A economia da cidade irá receber cerca de R$ 850 milhões na hotelaria, na gastronomia, agências de viagens e outros itens da cadeia do turismo.

Mas, a rigor, embora já contemos com um planejamento amplo, rigoroso e discutido até a extremos, envolvendo todos os organismos policiais, áreas da mobilidade urbana, serviços de saúde e toda a prestação de serviços turísticos para receber os visitantes, persistem várias discussões em torno da Copa. Alguns a condenam sob os argumentos de que os governos brasileiros, o federal, os estaduais e as prefeituras das cidades-sede dos jogos gastaram muito em prejuízo de setores como a saúde, educação e muito mais. E que a Fifa, milionária, é quem ganha. Evidentemente, são afirmações relativas a não ser quanto aos estádios, principalmente os de Brasília e de Manaus, que não possuem atividades esportivas, de futebol, regulares, e onde os investimentos foram pesados. Em outros Estados, como Minas, as reformas do Mineirão e do Independência são obras duradouras, que servirão aos esportistas por muitos anos. Estes estádios foram privatizados e se transforaram em arenas de shows e os mais pobres estão excluídos pelos preços praticados.

Os opositores dos governos, destacadamente do governo federal, acusam-no de negligência com várias obras prometidas à Fifa, especialmente aeroportos e intervenções de mobilidade urbana. Na verdade, Confins e o aeroporto de Curitiba não concluíram suas obras. Por outro lado, as intervenções realizadas nos outros aeroportos são consideradas meros arranjos, “puxadinhos” para acomodar os visitantes. Mas é preciso também lembrar que a demanda de passageiros no Brasil cresceu mais de 50% nos últimos anos. No caso de Belo Horizonte, Confins recebe hoje cerca de 10,5 milhões de passageiros/ano e passará para 16 milhões nos próximos três anos, enquanto obras vultosas estão sendo realizadas, com previsão de que chegaremos a 22 milhões de passageiros em 2020. A Copa, sem dúvida, ajuda a consolidar Belo Horizonte como destino turístico internacional para o segmento de eventos e negócios, para o que a cidade se prepara, já tendo recebido, somente este ano, mais 22 hotéis, vários de redes internacionais que ajudam a divulgar a cidade.

A questão mais discutida, no entanto, diz respeito às manifestações e protestos. É certo que ocorrerão, com maior agressividade no Rio e São Paulo onde, na verdade, já estão ocorrendo. Não se sabe ao certo que dimensão vão tomar em Belo Horizonte, onde existe mobilização via internet, mas uma primeira manifestação praticamente fracassou. A cidade vive uma fase de protestos mais de ordem trabalhistas, com greves que se misturam aos protestos contra a Copa. De outro lado, o esquema policial já montado contra manifestações violentas é amplo e certamente será eficaz. Serão respeitadas as manifestações pacíficas, protegidas pela Constituição Federal, mas não a destruição de propriedades públicas e particulares.

Estarão em Belo Horizonte cera de 20 mil argentinos, cerca de três mil chilenos, dois mil ingleses, 1.800 argelinos e muitos italianos, alemães, uruguaios dentre outros, interessados em assistir aos seis jogos que serão disputados no Mineirão. A previsão é de que cerca de 700 jornalistas virão a Ouro Preto, Mariana e Inhotim, conforme já informado às Prefeituras destas cidades. A Belotur, pela Prefeitura de Belo Horizonte, já realizou reuniões com estes destinos procurando armar recepções adequadas para tais visitantes. Na verdade, o mais importante da Copa é justamente a imagem internacional que ficará do Brasil e das cidades onde ocorrerão os jogos, que estarão não só sob a avaliação dos jornalistas, mas também sob escrutínio de dois bilhões de telespectadores de todo o mundo, que estarão assistindo aos jogos. Esperamos que tudo ocorra nos limites de uma normalidade desejável e que o Brasil passe a imagem de um país civilizado.

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