Fatos que despertam esperança

11 de Novembro de 2016
João de Carvalho

João de Carvalho

“OS MISERÁVEIS” de Victor Hugo célebre nas telas cinematográficas francesas e mundiais, originariamente chamava-se “As misérias”. Na verdade há um duplo entendimento, segundo a mentalidade do extraordinário autor. A primeira denominação evidenciava as atitudes negativas dos personagens, o comportamento, o crime, o castigo, os erros, as misérias, o delito, a lei que castiga, a recaída. Assim, ficam evidenciados os atos praticados, no curso do romance policialesco. Talvez, na mente fértil do autor, fosse sua vontade focalizar os fatos com a veemência possível à época!

A segunda versão “Os miseráveis” volta-se para as pessoas, mostrando valores pessoais mesmo naqueles que cometem o crime, o erro, a falha humana. Esta concepção agradou mais aos leitores, prevalecendo, em definitivo, como título da obra Huganiana. Penso assim, pois o primeiro título foi abandonado imediatamente, pelos seus contemporâneos. O segundo prevalece até hoje, e, reflete muito bem a concepção moderna que a gente tem: Aborrece-nos o crime, recupere-se o criminoso.

EIS O FATO NÚCLEO deste comentário: Jean Valjan, homem bom e generoso, reduzido à miséria, era um ladrão ocasional, simples, trabalhador. Um dia furta um pão para alimentar os filhos famintos de sua irmã. É visto e perseguido pelo policial Javert (escravo da lei), preso e condenado a cinco anos às galés. Pena esta agravada com mais catorze anos porque tentou fugir. Ao fim da pena ninguém o ajudaria. A sociedade da época recusava o direito à reabilitação e ao trabalho honesto. Atitudes desumanas, na visão de nossos tempos. Mas, há exceções, com atitudes heróicas, na vida.

O Bispo o acolhe! Tentado, revoltado, rouba os castiçais da igreja. Ao ser preso, o generoso e amigo bispo alivia a situação, dizendo que não houvera furto porque ele lhe dera os castiçais como presentes, para vender! Foi salvo! Jean Valjéan arrependido, pelo gesto sacerdotal, fez da bondade do bispo a sua lei. Luta, cresce, vence, tornando-se industrial e até prefeito. Realiza gestos admiráveis de filantropia. Este fato tem uma conotação muito estreita e verossímil com a atuação da APAC, na atualidade.

A cidade de Nova Lima está colhendo bons frutos com a presença e atuação desta Entidade voltada para a recuperação de presos. O Coral “Madrigal Liberatus” da Entidade, criado há três anos e meio já lançou dois CDs, tendo a música como um dos fatores da reintegração do indivíduo na sociedade.

“A existência de um coral formado por recuperandos é medida salutar, de fundo psicológico, porque a música ajuda a liberar o espírito e o coração das aflições e angústias que o dia-a-dia impõe nas prisões. Os integrantes do coral devem usar camisas apropriadas para as apresentações, para que se destaquem e valorizem seu trabalho e seu empenho. Via de regra o recuperando gosta dessa atividade, por isso deve ser incentivada.”(Pág.118 do livro “Método APAC” de Mário Ottoboni).

EM SUMA, esta Entidade abençoada por Deus, mas vivida por pessoas de boa vontade, faz com trabalho voluntário, planejamento, amor a Deus e ao próximo, o milagre da recuperação dos sentenciados aplicando seu Estatuto Social com competência e dedicação total. Em Itabirito, está sendo construída a sede da APAC! (Acesse: leiturahobbyperfeito.blogspot.com.br)

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