Fiquei sem os óculos, mas valeu a pena

14 de Julho de 2013
Valdete Braga

Valdete Braga

16 horas. Cheguei séria, toda comportada, apresentei-me para o empresário, dei as boas vindas, coloquei-me à disposição para o que precisasse, tudo dentro do figurino. Ele até passou por nós enquanto conversávamos, cumprimentou, e respondi com um aceno de cabeça bem formal. O empresário chamou-o, conversamos, simpatissíssimo como sempre, e eu engoli a frustração por ele não ter se lembrado de mim. Fiquei triste, mas afinal, com quantas pessoas ele convive e tira fotos diariamente? Entendi, mas nem por isto fiquei menos chateada. Claro que não demonstrei. Disse que estava ali profissionalmente, mas que gostaria, se ele tivesse um tempinho, de conversar “só uns cinco minutinhos” em particular, como fã e não profissional. Ele pediu que eu fosse dentro de meia hora até o hotel.

Começou a melhorar. Terminei o meu trabalho e desci para o hotel. Conversamos, e como ele não dava sinal de me reconhecer, não aguentei: “olha, me desculpe, eu sei que você deve ter contato e tirar fotos com muitas pessoas e não há como lembrar-se de todas mesmo, mas nós já conversamos algumas vezes”. O cavalheirismo dele não permitiu que ele negasse nem confirmasse, mas eu não me fiz de rogada. Lembrei-o da historinha do ET e do portifólio que lhe entreguei em mãos, uma vez. E nesta hora, eu tive pela milésima vez a confirmação de que Deus existe. Ele abriu o sorriso mais largo do mundo e falou, literalmente: “Ah Valdete, você mudou o cabelo”! Gente, ele não havia me reconhecido porque desde a última vez que nos encontramos eu escureci o cabelo! VIVA! Ele não só se lembra de mim como do meu cabelo na época. E do meu nome. Do meu nome, gente! É tão fácil ser feliz!

Nesta hora ficou tudo para trás: formalidade, crachá, éramos apenas eu e ele. De novo. Eu e meu ET. “Perdoe a minha loucura, mas metade de mim é amor, e a outra metade também”. Todo dia não pode, mas é bom demais ser louco de vez em quando. Voei no pescoço dele, abracei, gritei “meu ET”, enquanto ele dava gargalhadas. Paguei mico mesmo, uns poucos hóspedes que estavam perto pararam para ver, a recepcionista (beijo, Silvânia) simpatissíssima, tentou disfarçar, mas riu também, e ele me deu um abraço tão gostoso... não tem jeito, nosso lance é simbiótico, intergaláctico, ninguém segura. Agi como adolescente mesmo e não tenho nenhuma vergonha. Vergonha é adolescente servir de “aviãozinho” para traficante. Adolescente tietar ídolo é super saudável.

Chegou a hora da foto. Tirei os óculos (foto com ET de óculos não dá) e ele o colocou no bolso da jaqueta (cavalheiro até nisso). Fotos, mais abraços, mais beijos e mais fotos. Despedida e fui me preparar para o show. Só em casa percebi que os óculos haviam ficado com ele. Será que fui eu que não me lembrei de pegar ou o nosso ET que me fez esquecer? Mais um motivo para ele se lembrar de mim.

Fiquei sem os óculos, mas valeu a pena - Foto de Eliseu Damasceno
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