Grande momento do cinema

06 de Maio de 2016
Nylton Gomes Batista

Nylton Gomes Batista

Como higiene mental, neste clima sócio-político-econômico, intoxicante, corrupto e revoltante, falemos um pouco de algo mais leve e, se não mais caro ao espírito, pelo menos, seja uma pitada de prazer com que temperar momentos, não programados por nós, porém impostos por personagens e circunstâncias alheias ao bem-estar coletivo. Falemos da sétima arte, o cinema, ainda considerado a maior diversão. Mais especificamente, falemos de um filme.

Mas, antes que me rotulem “o jeca”, garoto-propaganda de Hollywood (mais adiante, esclareço em que se fundamenta o meu temor), esclareço que este artigo é, especialmente, endereçado aos que gostam de cinema, assim como eu. Considero uma prestação de serviço aos amantes da arte, pois muito agradeço aos que me fazem boas indicações de filmes. Em se tratando de cinema, que bem retrata meu estado de espírito, digo que não alcancei a chamada “terceira idade”, pois, tomei bomba na primeira!

Vejo que o cinema continua a fascinar, arrebatar atenções e despertar emoções, mesmo não mais a produzir películas (termo mais usado, outrora) do peso daquelas dos anos cinquenta e sessenta do século passado. Talvez, na magia das grandes produções daquela época, resida a força de atração do cinema.

Quem gosta de cinema e viveu a juventude, na metade do século vinte, sabe bem do que falo. Musicais como “Mary Poppins”, “Cantando na Chuva”; suspenses como “Um Corpo que Cai” (Alfred Hitchcock); épicos, como “Os Dez Mandamentos” (não confundir com o atual de uma televisão brasileira), “Cleópatra”, “Dr, Jivago”, “Lawrence da Arábia”, entre muitos outros, marcaram época e, sendo abertas oportunidades, continuam a atrair espectadores, ao contrário das produções mais recentes, embora sedutoras do grande público, se não tendem ao esquecimento, também não mantêm a aura das antigas produções.

Entre os épicos citados faltou um ao qual me refiro agora, chamando a atenção dos que já o assistiram, bem como dos que não tiveram a oportunidade.

Trata-se de “Bem-Hur”, baseado no romance “Bem-Hur: Um Conto sobre o Cristo” (1880) de Lew Wallace. O filme, segunda refilmagem (a primeira, em 1925, se considerado o curta metragem, desautorizado, rodado em 1907), foi lançado em 1960, tendo no papel principal, Charlton Heston, mesmo ator que interpretou Moisés, em “Os Dez Mandamentos”. O filme, grandioso em tudo, a começar pelas três horas e meia de projeção, teve de superar dificuldades, que hoje nem se imaginam com a gama de recursos técnicos existentes.

Tudo isso é dito para anunciar aos que ainda não sabem sobre a mais nova refilmagem de Bem-Hur, cujo lançamento poderá ser feito no segundo semestre deste ano. Imagine-se voltar a assistir Bem-Hur, produzido com a tecnologia surgida pós anos cinquenta! Segundo palavras do crítico, Ritter Fan, “assistir a esse épico exige um estado de espírito especial, uma volta ao passado, especificamente para a década de 50, marcada por grandes épicos bíblicos, dos quais Bem-Hur parece ser o ponto mais alto, ainda que não livre de problemas”.

Com início em Jerusalém, no mesmo tempo de Jesus em plena atividade, é a história fictícia de Judah Ben-Hur, rico judeu traído por seu antigo amigo de infância, o romano Messala, agora em posição de autoridade na Judeia. Por crime não cometido, Bem-Hur é condenado às galés, embarcações movidas a remo. Ser condenado a elas significava tornar-se remador forçado, um dos mais cruéis castigos! Anos mais tarde, ele volta para a vingança, que se cumpre no desenrolar de uma das mais eletrizantes cenas.

Toque verde-amarelo, na nova edição de Ben-Hur, configura-se no ator que encarna Jesus, rapidamente focalizado no início do filme, com destaque para a crucificação. Trata-se do brasileiro, Rodrigo Santoro, conhecido por sua atuação em telenovelas e algumas pontas em filmes estrangeiros, incluindo-se a série “Lost”. Aqui explico minha prevenção contra julgamentos “a priori”, logo no início do texto. O fato de o Rodrigo Santoro ter participação no filme, ainda não lançado, portanto não visto, já desencadeia, em sites com referência ao fato, uma série de críticas negativas, ridicularizando-o e depreciando sua atuação no papel de Jesus. Como se explica tal comportamento? Tais pessoas são como a raposa da fábula (A raposa e as uvas/de Esopo) que, não tendo capacidade para alcançar as desejadas uvas, desdenha-as, dizendo estarem verdes. Os detratores do ator, presume-se, gostariam de estar em seu lugar, mas lhes falta talento. O pior é que ainda nem viram o desempenho do ator no filme em questão.

Mas... aguardemos “Bem-Hur”!

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