Greve

16 de Agosto de 2012
Valdete Braga

Valdete Braga

A greve dos servidores federais da educação está se alongando muito? Verdade. (Lembrando que a greve não é só dos professores, como a mídia nos passa, mas dos administrativos também.) Além das pessoas afetadas direta ou indiretamente, os próprios grevistas também se desgastam e se prejudicam? Verdade também.

Mas a maior verdade nisso tudo é que chegou-se ao limite da tolerância. O governo endurece de um lado, os grevistas endurecem de outro. Mas não tem outro jeito. Com os meus respeitos aos alunos, pais, à sociedade como um todo, é preciso uma mudança radical e breve. Grevistas querem melhor qualidade de ensino, melhores condições de trabalho, e melhores salários também, por que não? Quem trabalha merece um salário digno.

Nosso Governo do Partido dos Trabalhadores crucifica os seus trabalhadores, manipula para a sociedade acreditar que todos têm salários altos, e sequer se preocupa em saber o que realmente acontece pelo país. Agride acintosamente o trabalhador e fomenta o desemprego, através de esmolas que denomina "bolsas" aos menos favorecidos.

A nossa Presidente que lutou pela democracia e chegou a ser torturada no regime ditatorial mostra-se tão ditadora quanto.

Pior: os descalabros não se resumem aos altos escalões em Brasília. Acontece no país todo, em maiores e menores escolas. Como disse muito bem uma amiga: “em escola, quando entra a política (partidária) sai à ética.”

Não sou mãe, mas se fosse não me importaria se o professor do meu filho fosse do partido A, B, ou C, desde que fosse um bom profissional. Não gostaria que o meu filho estudasse em uma escola guiada por ideologias políticas e não pela educação.

Escola não é lugar para politicagem, escola é lugar de ensino e principalmente respeito ao cidadão. Não me importa de que partido político é o diretor, não me importa nem se eu votei nele ou não para o cargo. Estando lá, é o diretor de todos, como são os reitores de todos, como é a presidente de todos. Finda a campanha eleitoral, finda-se também as diferenças. Pelo menos deveria ser assim.

Infelizmente, não é. O que se vê - salvo exceções, é lógico - são pessoas despreparadas em cargos que não dão conta, profissionais capacitados “encostados” por não comungarem da mesma ideologia política, um caos total, pelo país inteiro.

Os próprios alunos, mais politizados e maduros, entendem isso, tanto que apóiam o movimento. Eles sabem que a educação é a base para um país melhor, e sabem que este país será feito por eles.

Está difícil ter esperança, mas eu me recuso a abrir mão dela. Eu não verei, nem meus sobrinhos, mas quem sabe os filhos deles possam ver um país melhor. Para isso é preciso lutar, por mais doloroso que seja. Como está é que não pode continuar. Como me disse uma vez uma grande amiga: os gestores passam, o modelo de gestão fica.

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