Hora de aprender, decidir e mudar

03 de Junho de 2016
Nylton Gomes Batista

Nylton Gomes Batista

Não é a primeira e, de acordo com os prognósticos, não será a última vez que, neste espaço, se registram contundentes críticas ao sistema político vigente neste país. Desde a criação desta coluna, há mais de vinte e sete anos, temos denunciado o sistema como algo podre, carcomido, que mais interessa aos partidos e respectivos políticos, pouco reservando de suas atenções aos interesses da nação como um todo, e, ao povo com suas necessidades, desejos e angustias. Enquanto outras nações saem do sufoco em que, eventualmente, se metem, o Brasil está em crise contínua, salvando-se esporádicos soluços de bem-estar.

Países completamente destruídos por guerras, notadamente a Segunda Grande Guerra, recuperaram-se e, hoje, estão entre as lideranças mundiais. O Brasil, ao contrário, nunca teve guerra em seu território, o que não impediu de participar, lá fora, de conflito nem tanto a afetar sua soberania para, atualmente, situar-se abaixo daqueles eventuais oponentes político-ideológicos, cuja destruição teve modesta colaboração verde amarela.

A diferença, lá fora se faz pela educação do povo que, determinado em sua consciência política, tem o bem-estar como conquista a ser feita a partir do plano coletivo para o individual; é feita também por sistemas políticos mais avançados, integrados por políticos, ainda que não santos, porém mais conscientes de sua missão, sob o monitoramento do povo que cobra e da Lei que pune. No Brasil, manipulam-se as massas com doutrinação falaciosa e “miçangas” sociais, sonega-lhes educação de qualidade, embota seu espírito com ufanismo duvidoso e lhes mascara o conceito de cidadania. A forma como a política sempre se conduziu neste país só podia desaguar no caos sócio-politico-econômico, ora enfrentado por todo o povo brasileiro.

Fossem outras as diretrizes, ainda que sob o processo de impedimento da presidente da República, não se abalaria o nível de confiança da sociedade em relação ao governo interino, pois à facção contestada se contraporia outra livre de máculas do mesmo gênero. Não é o que acontece. Pouco mais de uma semana após instalação do novo governo, um seu ministro cai, escancarando a verdade para quem já sabia que ainda não são os “mocinhos” com as rédeas do governo desta nação. Não foi surpresa e não será se outros seguirem o mesmo destino, pois, com as mesmas marcas do primeiro, outros estão na linha de frente. Com louvores à informática, que muito facilita a quem escreve, intervenção se faz no texto pronto para ser transmitido à redação do jornal. Mais um ministro se foi! - para confirmar o dito anteriormente.

Com tantos escândalos e corrupção sobra pouco espaço a quem não é do ramo, nesta República mal nascida sob a ira dos que não aceitaram o fim da escravidão negra. De 1889 para cá, num decrescendo lento, porém contínuo, a política brasileira levou interesse público e interesses privados à promiscuidade, por meio da qual a corrupção ganhou status corporativo. Sim, a corrupção, antes pontual e individual chegou ao nível de empresa, ilegal, porém organizada e com poder dentro do poder. A sofisticação chegou a tal ponto que, a exemplo do “estado bandido” (tráfico de drogas organizado) dentro do Estado legal, espécie de “empresa bandida” operava dentro de empresa legal, envolvida no esquema corrupto ao qual se dá combate mediante a Operação Lava Jato.

Depois de tudo isso, ninguém duvida de que coisas piores ainda restam por serem reveladas! Bom seria - se algo de sério ainda existisse na classe política - o desmantelamento completo do atual sistema político e sua substituição por outro mais condizente com os princípios democráticos. Dentro do mesmo sistema anacrônico a favorecer a corrupção, preparam-se os candidatos para o processo eleitoral deste ano. Tudo se arma a partir do caciquismo, que determina quem pode e quem não pode ser candidato, dentro dos partidos, quase quarenta aglomerações sem cara, mas que respondem aos interesses de seus “donos”.

Ao eleitorado, doutrinado pelos que defendem a manutenção do sistema, não resta opção diante do prato feito que lhe apresentam, mesmo sabendo que lhe debitarão a culpa, se o eleito não corresponder às expectativas. O sistema escolhe mal, mas o eleitor é quem “paga o pato”: ele não sabe votar! O eleitor pode refugar todo o prato, anulando o voto, como muitos o fazem, mas o sistema o marca como “renegado”. O eleitor não tem saída, pois se vota, “vota mal”. Ninguém debita o mau resultado aos que escolhem o candidato dentro dos partidos. Se anula o voto, porque não aceita os candidatos apresentados, ou não concorda com o processo, é também culpado, de acordo com a óptica dos sustentadores do sistema.

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