Idosas em cárcere privado por grevistas

05 de Maio de 2017
Jornal O Liberal

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O grande diferencial da democracia, ainda que não plena, está na liberdade garantida ao cidadão; liberdade de pensamento, de opinião e de expressão, de mobilidade dentro do país; liberdade para determinar seu modo de vida, para eleger alguém de acordo com sua própria opinião; liberdade para divergir dos que governam, para protestar e para reclamar; enfim, liberdade para ser e para fazer o que queira, desde que não interfira na liberdade e no direito de terceiro ou terceiros. Graças a essa liberdade, milhões de brasileiros puderam sair às ruas para expressar sua posição contrária às reformas que o governo pretende realizar; paralisaram-se atividades, ainda que por força de greves nos transportes públicos, setor em que se concentrou o poder de coerção das lideranças do movimento. Ainda que não favorável à greve, não querendo isso dizer que fosse contrária ao protesto, grande legião de trabalhadores não teve como chegar ao local de trabalho, porque a paralisação dos transportes refreou a mobilidade da população, nas grandes cidades. Mesmo menos ortodoxos os meios de se reduzir o comparecimento ao trabalho, mesmo a impedir que pessoas comparecessem ao trabalho, não se pode dizer que a estratégia foi ilegal. Foi desleal, mas não ilegal. Ao contrário, permitir ou praticar atos de violência, vandalismo e destruição do patrimônio público e privado foi um mergulho na área do crime, contra o qual, mais uma vez, apesar do aparato policial, tudo indica que o Estado ficará omisso. Sem ação enérgica do Estado, os mesmos criminosos e baderneiros, sempre voltam a atuar, valendo-se da mesma liberdade inerente à condição cidadã, mas não extensiva à criminalidade. Sem lhes dar a devida punição, o Estado submete a vida dos verdadeiros cidadãos à vontade dos bandidos! Na sucessão de tantos crimes impunes, ocorreu, então, em Cachoeira do Campo o absurdo, por obra e irresponsabilidade de grevistas, no mesmo dia da dita greve geral.

Como se já não bastasse a agressividade contra uma escola, que preferia trabalhar, grevistas trancaram com correntes e cadeados os dois portões de acesso ao estabelecimento. Já estaria errado, se as instalações não fossem de natureza privada que, de fato, são, porém abrigam a instituição pública de ensino, que não tem local próprio para funcionar. Entretanto, além da obstrução à vontade de quem preferia trabalhar, o cúmulo da ousadia, do desrespeito, da perversidade, da desumanidade, que poderia ter resultado em algo pior e irreversível, foi o trancamento de sete octogenárias, residentes na mesma casa, cujos portões foram acorrentados e trancados com cadeados. Embora não tenha sido registrada a ocorrência policial, omissão lamentável por parte das residentes daquela casa, porém prática corriqueira tupiniquim, danosa à coletividade e submissa à criminalidade, o fato requer investigação por parte das autoridades com consequente punição aos idealizadores e executores de tal ação. Imagine-se o que poderia ter acontecido, se tivesse surgido uma emergência médica entre as residentes, naquela madrugada. Não haveria como sair em busca de socorro! Não se admite que se deixe a sociedade exposta à arbitrariedade de mentes que, se não doentias, são criminosas e indignas do convívio social, enquanto não se ajustem às normas e à Lei. O que se fez foi um atentado à democracia e crime contra a pessoa humana, com a agravante de sua idade avançada.

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