Quem atira a primeira pedra?

28 de Abril de 2017
Jornal O Liberal

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Nunca dantes, neste país, se falou e se indignou tanto contra a corrupção quanto agora, em plena era da Lava Jato. Num grupo em bate-papo, basta alguém dizer o nome de um político ou mencionar a palavra ladrão, para que as coisas se esquentem com comentários e xingatórios em torno de fatos e personagens, que a mídia divulga, quando a tratar da maior investigação policial já feita neste país, quiçá em todas as Américas. Se antes do escândalo da Petrobrás havia o cuidado de salvar a maioria, dizendo que a corrupção era exceção praticada por alguns políticos, agora a pancadaria verbal cai sobre todos ou quase todos, mesmo porque sobre os poucos, eventualmente, de fora do esquema criminoso, pesa a dúvida da não participação por falta de oportunidade. O fato é que, tirando os simpatizantes da maior corrente participante da sujeira, o que sobra é gente para bater e... bater feio! Imagine-se, no entanto, o que poderia acontecer, se se fizesse presente o Mestre a repetir sua célebre advertência: “Que atire a primeira pedra aquele que não tiver culpa”. O silêncio reinaria, a menos que, a seguir a tendência atual, prevalecesse o cinismo próprio dos caras-de-pau. A verdade é esta: a lambança política existe e precisa ser combatida com leis severas, mas a sociedade não é toda inocente, embora ela própria pague pelos erros. Ao sair da temporada de caça do leão da Receita Federal aos contribuintes, sobram as tentativas de burlar, cada qual com sua característica, destacando-se, porém, “esquecimentos” de profissionais liberais, que passam recibos sem o respectivo CPF. Valem-se da simplicidade de alguns dos clientes, ignorando que sobram meios de descobrir o cadastro de qualquer pessoa na Receita Federal. Entre hipócritas, conjuga-se o “ser corrupto” apenas na segunda e na terceira pessoa, com destaque para esta última!

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