Infra-estrutura moral

12 de Junho de 2011
Jornal O Liberal

Jornal O Liberal

Por Paulo Felipe Noronha

O que faz a identidade de um povo? A pergunta pode parecer excessivamente filosófica, mas sua resposta é crucial para identificarmos as qualidades e defeitos que nos são inerentes, e apenas a nós, enquanto, indíviduo, comunidade, nação.

Recentemente, numa dessas notícias que se pega navegando na internet, li que mesmo após os terremotos que assolaram o Japão, que contou com tsunamis e desastres nucleares de lambuja, houve a completa restauração de estradas completamente destruídas, num primor de execução. Sim, caro leitor, o ordenamento e senso de responsabilidade social de lá é tão grande, que em poucas semanas eles fizeram o que no Brasil não se realiza em meses a fio, quiçá, anos (Dnit, estamos esperando!).

Mas no Brasil, somos subdesenvolvidos. Como assim? O Brasil é a 7ª economia do planeta amigos. Sim, fui pego de surpresa por esse dado também. Em meio ao calor tropical, agente do caos, vamos navegando do nosso jeito, sempre na berlinda, e parece que vamos chegando junto dos maiores. Mas espera aí? Sétima economia pra quem? Sem dúvida, nos últimos anos, todos nós, vivemos alguns dos benefícios dessa evolução econômica. Mas tenho quase certeza que não era exatamente o que eu, ou você, leitor, imaginava. Estamos melhores, mas não tão melhores. Mas essa melhoria mínima foi o suficiente para que debates, de fundo esquerdóide, admito, mas não menos relevantes, como a distribuição de renda por exemplo, fossem jogados pra debaixo do tapete.

E é aí que o tema de abertura deste artigo volta à tona. Nossa identidade tem algo a ver com toda essa desordem, com esse jeito de levar tudo aos trancos e barrancos, que é administrar o Brasil? Talvez sim. Mas é isso que queremos? Todos sabemos os benefícios de jogar pelas regras da licitude, e foi graças a isso que o país se reergueu moralmente na década de 1980, e economicamente a partir de 1990. Essas regras da licitude, que têm tudo a ver com um noção incorrupta de moralidade, nos ensinou um pouco de auto-crítica, essa qualidade tão fria e sub-tropical, que se muito aplicada, também leva a extremos destrutivos. Mas ainda estamos longe da moderação ideal. É preciso mais, muito mais auto-crítica e ação, e cooperação, antes de dizermos que temos, de fato, pleno gozo desse 7º lugar, que atualmente, é apenas uma ilusão para muitos, e uma realidade para poucos.

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