Internet é para todos

20 de Maio de 2016
Nylton Gomes Batista

Nylton Gomes Batista

Depois de percorrer caminho, que bem parecia não levar muito longe do meio em que alcançou popularidade, a internet dá sinais de atingir a maioridade.

Calma, apressadinhos no julgamento! Não se refere aqui à maioridade da própria rede mundial de computadores (www) ainda jovem e cheia de gás para ir muito mais longe. A inteligência humana não tem limites e, tendo penetrado numa área cuja exploração ainda é bem recente, por certo que pesquisas avançarão com o propósito de trazer novidades, nem de longe sonhadas, assim como há cinquenta anos não se sonhava com o que temos hoje. Refere-se aqui à mais alta faixa etária humana que, no início, parecia estar fadada a ficar desligada, tão somente a ouvir falar da internet, sem dela participar.

Nascida com objetivos militares americanos, durante a chamada guerra fria, nos anos sessenta, a rede de computadores se ampliou, nos anos setenta e oitenta, alcançando o mundo acadêmico com professores e estudantes a trocar informações, principalmente nos Estados Unidos. Somente em mil novecentos e noventa ela começou a se propagar entre a população em geral. No Brasil, ela foi introduzida, em mil novecentos e oitenta e oito, no meio universitário, abrindo-se ao público em mil novecentos e noventa e dois.

De imediato, a novidade conquistou o público mais jovem, especialmente na troca de mensagens no correio eletrônico (e-mail). O fato de o e-mail ser, praticamente, instantâneo e ser deixado em caixa de mensagens, para que o destinatário acesse posteriormente e a qualquer momento, abriu uma nova maneira de se comunicar a baixo custo. O acesso à rede por meio do celular ampliou ainda mais a popularidade da internet entre jovens, chegando isso a extremos, que preocupam estudiosos do comportamento humano. Essa grande afinidade do público com a troca de mensagens, fotos, vídeos e outras informações, por meio do correio eletrônico despertou a criatividade e interesses econômicos, possibilitando, assim, surgimento das chamadas redes sociais a envolver, talvez, bilhões de pessoas em todo o mundo.

Enquanto isso se processava na comunicação pessoa a pessoa, outro universo de possibilidades se abria à expansão do conhecimento individual por meio de “sites” dedicados a setores específicos, incluindo-se, aí, até cursos universitários. Como não podia deixar de ser, o comércio firmou seu espaço na rede, possibilitando ao consumidor a compra de quase tudo por meio do comércio eletrônico (e-commerce), com a vantagem de, muitas vezes, pagar preço menor que no comércio convencional. Na internet, facilidades são encontradas para tudo que se quer fazer. Quem faz turismo, por exemplo, pode programar toda a viagem, antes de sair de casa. Definição do roteiro, compra de passagens, escolha e reserva de hotel, estão ao alcance do viajante, sem se esquecer de que ainda pode fazer visita virtual aos locais a serem visitados.

Conquanto sejam imensas as possibilidades e facilidades, mui pequeno ainda é o público a explorá-las, se considerado o grande volume de acessos à internet. A grande maioria de internautas se perde em bobagens, coisas sem proveito, quando não de conteúdo suspeito, comprometedor, ou seja, exploram a face negativa da rede. O Face book é bem um mostra do aqui dito: postagem séria e de alguma utilidade atrai poucas “curtidas” e compartilhamentos. Ao contrário, mentiras, vulgaridades e desgraça humana se propagam rapidamente! De modo geral, os internautas têm a internet como brinquedo ou diversão, desconhecendo ou desprezando possibilidades de ensino, de aprendizado e de trabalho.

É sob essa visão restrita, a contemplar, preferencialmente, as redes sociais, que maiores de sessenta anos têm sido levados a se iniciar na internet, realizando assim a tão falada inclusão digital. Dirão que antes assim do que nada, mas a experiência acumulada, mais o tempo restante que, de acordo com a lógica é menor que entre os jovens, recomenda que aos idosos, levando-se em conta a disposição de cada um, sejam estimuladas suas expectativas em relação ao que podem obter e fazer na internet. São tantas as possibilidades na web, que não se pode deixar à margem a faixa etária mais alta, que tem em seu meio grande reserva de energia, ideias e vontade de realizar. Que os idosos estabeleçam relações nas redes sociais, mas antes lhes sejam abertas as portas a oportunidades interessantes oferecidas pela rede mundial de computadores. É preciso desmistificar o conceito de que a internet é para os jovens e de que idosos não assimilam novas tecnologias.

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