Mal do século

17 de Dezembro de 2011
Jornal O Liberal

Jornal O Liberal

Paulo Felipe Noronha

Uma terminologia usada, de modo informal, nas aulas de geografia (e outras também) de minha infância, era o tal do 3º mundo. Obviamente, havia uma hierarquia implícita aí, e sem considerar o que diabos era o 2º mundo, pergunta quase sempre ignorada pelo professor, o primeiro mundo eram as nações ricas.

Depois passaríamos a ser chamados de nação em desenvolvimento. Hoje, não nos chamamos de BRIC, economias emergentes. O Brasil se aproxima do grupo de 1º mundo, mas o 1º mundo escafedeu-se, morreu de susto.

Uma reportagem da “The Economist” dizia em seu título “Brazil takes off” (Brasil decola) e cumprimentava nossa habilidade de sobreviver a uma crise, e rapidamente retomar o caminho do crescimento. Uma reportagem em vídeo da “60 minutes” mostrava o Brasil como uma terra pacífica, relaxada, de postura diferenciada de outras mais rígidas, conflituosas. Afinal, teria o Brasil conseguido seu lugar ao sol!?

Mas a definição de primeiro mundo ainda me incomoda, ainda me arrasta para refletir sobre ela. O primeiro mundo tinha um quê de ideal social, não apenas econômico. Chegaremos à 5ª economia do mundo, mas a sensação de vitória é relativa. Jogamos o jogo do capital, do crescimento econômico, mas a excelência, aqui, vem apenas como efeito colateral da ganância. Não somos especiais como querem nos fazer pensar, essa inflação de ego é ainda mais perigosa do que a depredação de nossa estima foi no passado, o Brasil chega ao “topo” na esteira de uma ideologia de mundo consumista e predatória. Nossas idiossincrasias não são tão grandes que estejamos incólumes a esse mal do século: o materialismo.

Essa é uma boa reflexão para o fim de ano, para o natal e ano novo que se aproximam. O quanto estamos dominados pelos desejos de conquista e de ganho, e cada vez mais distantes de uma abordagem espiritual da vida, do mundo.

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