Matar o criminoso e salvar o homem

24 de Outubro de 2011
João de Carvalho

João de Carvalho

Este título é o Lema Oficial e principal da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados, APAC. Quando se propôs escolher o Brasileiro do Século XX, vários nomes foram indicados à Comissão de especialistas; entre eles, Pontes de Miranda, Clóvis Bevilacqua, Nelson Hungria, Hely Lopes Meirelles, Miguel Reale, Celso Furtado, San Tiago Dantas, Maria Conceição Tavares, Rui Barbosa de Oliveira. Quem faturou o primeiro lugar foi Rui Barbosa com 75% dos votos dos componentes da Comissão. Com justiça!

MÁRIO OTTOBONI, natural de São José dos Campos, nascido em 1931, autor de mais de dezesseis livros, criador da APAC, não estava incluído na lista da Comissão. Mas, hoje, está destacado como presidente do Comitê Internacional da “Prison Fellowship International”, legando à sociedade a mais beneficente entidade voltada para a recuperação dos presos, quer em regime fechado, aberto ou semiaberto. Sua convicção na recuperação dos condenados é tão grande e eficiente, através da APAC, que escreveu um livro chamado: Ninguém é irrecuperável!

Entre os pensamentos que ornamentam o Presídio de Humaitá e que se expandiram por outros estabelecimentos, onde se aplica o Método APAC, encontram-se estes:

“Se todos os malandros soubessem das vantagens de ser honesto, seriam honestos por malandragem”;

“Aqui entra o homem, o delito fica lá fora”.

Aprecio muito um dos mais recentes livros deste apóstolo moderno dos presos, intitulado “Vamos matar o criminoso” e salvar o homem que existe nele.

Evidentemente, que não se trata de vingança, mas sim de aplicar todos os meios práticos, eficientes e capazes de viabilizarem a recuperação do condenado pela justiça.

Há uma grande e fundamental pergunta, aliás a primeira, que se faz para poder servir de relacionamento do voluntário do serviço Apaquiano que é a seguinte: Quem é o homem preso? Da resposta à esta indagação, partem os membros da entidade, para o trabalho que se propõe, visando a recuperação.

Dizem que a palavra “entusiasmo” vem do Grego e significa “plenitude de Deus”. Itabirito está dando os primeiros passos com destino à criação da APAC. Urge amparar esta idéia que, se aplicada com entusiasmo, poderá render grandes frutos nessa messe, difícil sim, mas não impossível.

Encerro esta simples exposição com esta observação do próprio Ottoboni, sobre os encarcerados:

“Com base em estatísticas, será possível perceber com quem estamos nos relacionando, ainda que superficialmente: 97% a 98% dos presos são provenientes de famílias desestruturadas, lares desfeitos; 86,6% são usuários de drogas (cocaína, maconha, crack, álcool e outras); 43% são negros; 95% são pobres, dos quais 85% não podem constituir advogado particular; 75% são analfabetos ou semi-analfabetos. Mais de 90% apresentam doenças, como moléstias de pele, Aids, tuberculose, ou simples dores de cabeça (a propósito, o preso que chega são ao presídio, com grandes possibilidades ficará doente durante o cumprimento de sua pena); 68% são jovens (a juventude atrás das grades). Apenas 1% exerceu uma ocupação produtiva, ainda que muitos tenham experiência de trabalho.”

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