Memória: cem anos da morte do benfeitor cachoeirense, Pe. Affonso Henriques de Figueiredo Lemos

02 de Setembro de 2011
Jornal O Liberal

Jornal O Liberal

Alex Bohrer e Rodrigo Gomes

Affonso Henriques de Figueiredo Lemos, nasceu em Cachoeira do Campo em dezembro de 1847, filho de Carlos José de Lemos e Teresa Iría de Figueiredo Lemos. Sabe-se muito pouco de sua infância, apenas que era menino tímido, introspectivo. Tornou-se sacerdote em 23 de Setembro de 1871 no seminário de Mariana. Foi por pouco tempo pároco do Rio das Pedras (hoje Acuruí), assumindo posteriormente a Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré, sua terra e à qual dedicou o resto de sua vida.

Naquele tempo, a enorme paróquia abrangia Santo Antônio do Leite, São Gonçalo do Amarante, Engenheiro Corrêa, São Julião (Miguel Burnier), Usina Wigg, Conceição dos Alemães, Tabuões, entre outras localidades e, por isso, o percurso despendia enorme esforço, sendo todo percorrido a cavalo. Padre Afonso, ou Vigário Afonso, como era chamado, tornou-se famoso sobretudo pela grande obra de educação que empreendeu em Cachoeira do Campo a partir da década de 1870. Nesta época ele começou a organizar com muito esforço um sistema voluntário de ensino público, espécie de escolinhas que funcionavam em várias casas e capelas.

Já em 1881 esta obra de educação estava bem estruturada e sua fama corria regiões chegando aos ouvidos do Imperador Dom Pedro II, que no dia 2 de Abril daquele ano visitou Cachoeira do Campo, ficando impressionado com a aprendizagem das crianças. Era o reconhecimento do imperador à obra do venerando Padre. Intermediou também a vinda dos salesianos em 1895, que culminaria com a fundação do Colégio Dom Bosco. Padre Afonso visitou Roma em companhia do bispo Dom Silvério Gomes Pimenta, onde conheceu pessoalmente o Papa.

Padre Afonso é responsável ainda pela instalação do primeiro sistema de água encanada e pela instalação do primeiro telefone em Cachoeira, além de ter escrito o primeiro livro sobre a nossa história, infelizmente inacabado.

Não é de admirar que a população dedicou grande amor pelo seu Vigário que, mesmo velho, manteve ininterruptas suas atividades. Sua obra tornou-se marco para a história da educação. Padre Afonso e o Mestre “Chico” (intelectual a quem convenceu de participar no ensino das crianças, sua interessante biografia será analisada futuramente) são pioneiros do atual ensino público.

No dia 03 de Setembro de 1911 Padre Afonso saiu do seu sobrado rumo à Estação Hargreaves, onde deveria embarcar para Belo Horizonte a fim de tratar dos interesses de Cachoeira do Campo. Próximo a estação sentiu-se mal e desceu do cavalo, vindo a falecer ali mesmo.

O corpo de Padre Afonso foi sepultado na capela-mor da Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, igreja que amou fervorosamente em vida, sendo o último considerado digno de ser sepultado na Matriz.

Seu cortejo fúnebre arrastou milhares de pessoas vindas de todos os lugares para prestar suas últimas homenagens ao grande cachoeirense. Ainda em vida Padre Afonso viu o reconhecimento oficial de seus ideais. Em 1907 foram fundadas as Escolas Reunidas Padre Afonso, que décadas depois receberiam o nome de Escola Estadual Padre Afonso de Lemos.

Em 03 de Setembro de 2009, através do ato normativo 001/09 da diretoria da AMIC (Associação Cultural Amigos de Cachoeira do Campo), Pe. Afonso de Lemos é declarado patrono da entidade, mediante à todo seu esmero no cuidado com a sua Cachoeira.

Neste sábado, 03 de Setembro de 2011, dentro da Novena da Padroeira Nossa Senhora de Nazaré, as 19 h e 30 min, haverá celebração também em homenagem ao Centenário do Morte deste ilustre cachoeirense, que nunca poderá ter sua presença e ações apagadas pelo tempo.

AMIC (Associação Cultural Amigos de Cachoeira do Campo)

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