Meu aniversário e minha idade

17 de Dezembro de 2015
Valdete Braga

Valdete Braga

Escrevo esta crônica no dia do meu aniversário, primeiro de dezembro. Como dizia um falecido tio, um dia especial, o primeiro dia do último mês do ano. Hoje eu entendo que foi a forma que ele encontrou para dar uma “personalidade” ao meu dia, para me fazer sentir especial, mas quando criança era bom demais ouvir isto!

Na verdade, todos os aniversários são especiais, pois são a celebração de nossa vida, e nada é mais especial do que ela. Cada novo ano é mais uma benção alcançada. Brinco com os meus amigos que eu já parei de contar, mas todos sabem que isso nada mais é do que uma brincadeira. Se eu morrer amanhã ou se viver até os cem anos, a vida terá valido a pena.

Não me lembro bem se no ano passado ou atrasado, uma desafeta, coitada (quem não os tem?) perguntou a um amigo em comum quantos anos eu estava fazendo e começou a ironizar por eu estar na casa dos cinquenta. Para ela, isso era ser “velha”. Detalhe importante: leia-se “desafeta”, porque inimigos, eu vou morrer sem ter. Não adianta, mesmo que alguém queira, eu me recuso a ser e ter, e a escolha é minha. Já cansei de avisar que é inútil tentar.

Mas voltando à pessoinha: meu amigo sempre me perguntava se as provocações dela com relação à minha idade não me incomodavam mesmo, ou se eu fazia de conta que não ligava, “para não render”. Como eu dava risada, ele ficou na dúvida se era real ou se eu estava evitando o estresse. Respondi que não, que eu encarava aquilo como uma bobagem mesmo, coisa de adolescente. Foi a vez de ele rir e me perguntar: - Adolescente? Você sabe quantos anos ela tem?”. Respondi que não, porque não sabia mesmo. Ele riu mais ainda e disse: “quarenta”.

Aí quem não acreditou fui eu, até ficar sabendo que a dita cuja tinha quarenta e um anos e quatro filhos, sendo o mais velho de vinte. Com todo o respeito à família, que obviamente não vem ao caso qual seja, mas essa história serviu de piada por meses. Uma pessoa de quarenta anos, esposa, mãe, quatro filhos adultos e adolescentes, preocupadíssima com a “velhice” de outra de cinqüenta, só pode virar piada, mesmo.

Particularmente, eu não sigo muito a máxima da tal “idade de espírito”. Acredito que toda idade, da criança ao idoso, tem a sua graça e a sua dor. O importante é vivermos o momento, em sua plenitude. Dos dez aos vinte, a distância é enorme. Dos vinte aos trinta, ainda é grande, mas diminui um pouco. Dos trinta aos quarenta, começa a igualar, e dos quarenta para frente pouca diferença faz.

Mas como, se todas as passagens de tempo citadas foram de dez anos? A resposta é simples: quando chegamos à maturidade, os valores mudam. Deixamos de nos enxergar eternos e passamos a valorizar o que realmente merece ser valorizado na vida. Mas existe aí um fator fundamental, que não pode ser ignorado: isto só acontece se junto à maturidade cronológica, chegar também a evolução espiritual. Caso contrário, vamos continuar tendo senhoras esposas mães de família adolescentes, achando uma diferença enorme dos quarenta para os cinqüenta anos. E a vida segue, até a idade que Deus nos determinou ficarmos por aqui.

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