Movimento popular exige respeito

07 de Julho de 2013
João de Carvalho

João de Carvalho

HÁ UM FENÔMENO da natureza, cujo nome é bem conhecido pelos brasileiros, denominado ‘pororoca’. Ele ocorre nos períodos de maré viva, quando as águas do mar procuram invadir o estuário. Dá-se pelo encontro das águas do mar com as correntes fluviais, ou seja, dos rios. O rio Amazonas quando desemboca no Atlântico gera este fenômeno belíssimo, mas, sempre perigoso. Na luta o mar sempre vence porque sua massa aquática é maior, mais forte, mais impulsionada pelas correntes aéreas.

HÁ EM NOSSO PAÍS várias pororocas sociais, provocadas pela omissão dos poderes públicos (legislativo, executivo e judiciário), em relação aos direitos garantidos, sobretudo, pela Constituição Federal de 05.10.1988. As pororocas são os movimentos sociais criados pelos brasileiros, a fim de serem modificadas várias situações da vida do povo, o grande esquecido pelos poderes públicos. O ponto de partida foi acionado pelo descontentamento com os valores extorsivos cobrados, com o aumento injustificado, pelas empresas de ônibus. Daí, outros problemas apareceram e foram incorporados para reforçar a corrente popular insatisfeita e revoltada, como:

“A corrupção, a impunidade, a violência urbana, a ameaça da volta da inflação, a quantidade de impostos que pagamos sem ter nada em troca, o baixo salário dos professores e médicos do estado, o alto salário dos políticos, a falta de uma oposição ao governo, a falta de vergonha na cara dos governantes, as nossas escolas e a falta de educação, os nossos hospitais e a falta de um sistema de saúde digno, as nossas estradas e a ineficiência do transporte público, a prática da troca de votos por cargos públicos nos centros de poder que causa distorções, a troca de votos da população menos esclarecida por pequenas melhorias públicas (pagas com dinheiro público) que coloca sempre os mesmos nomes no poder, políticos condenados pela justiça ainda na ativa, os mensaleiros terem sido julgados, condenados e ainda estarem livres, partidos que parecem quadrilhas, o preço dos estádios para a copa do mundo, o superfaturamento e a má qualidade das obras públicas, a mídia tendenciosa e vendida e a percepção que não somos representados pelos nossos governantes” (Jô Soares, ao explicar centavo por centavo as razões do surto da galera).

A CLASSE política é a mais atacada pela força popular, através das megamanifestações de rua de todas as cidades do Brasil. Os caras pintadas retomaram as reivindicações populares, com toda a força juvenil. O movimento, entretanto, é de toda a sociedade em seu caráter reivindicatório. Não contam mais e nem aceitam a participação de políticos dentro de sua ação e atividade reivindicatória, nos movimentos de rua. Os políticos das três esferas (federal, estadual e municipal) são apontados como representantes legais, mas que se esqueceram da finalidade principal de sua representação, como defensores do bem comum. A corrupção na política generalizou-se. Os interesses legítimos do povo foram colocados à margem pelos representantes populares, via eleição, via voto, via promessas eleitoreiras. O povo ameaçou tomar as rédeas da nação, se suas reivindicações justas, necessárias e urgentes não forem atendidas com prioridade máxima, especialmente, quanto à saúde, educação, segurança, transporte, etc. A paciência popular chegou ao fim. Agora, é tudo ou nada. A frente popular é forte e se opõe vigorosamente à inércia do poder público. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer” adverte Geraldo Vandré, em sua canção popular. Se o homem deseja a verdade é porque tem necessidade dela. Ora, a verdade que o povo quer, luta e exige é ser atendido, com o respeito devido, com urgência, porque tem a garantia constitucional. Estes movimentos exigem ação imediata e permanente dos representantes populares.

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