Mundo Moderno

11 de Março de 2015
Valdete Braga

Valdete Braga

Uma amiga estava indignada com a professora da filha, vendo o desespero da menina para dar conta de terminar o trabalho de escola no prazo estipulado. A professora é muito exigente, muito brava, muito intransigente, não admitindo atrasos. E o mais absurdo de tudo é que a professora também não admitia trabalho digitado, tinha de ser manuscrito. Absurdo!

Esta professora não deve bater bem. Pediu o resumo de um livro, concedeu o semestre inteiro para a leitura e, absurdo dos absurdos, ainda escolheu um livro antigo, que não tem resumo na internet, para avaliação com os alunos. Professora sem noção essa! Quer que seus alunos leiam, interpretem, e ainda escrevam! Prá que? Qual a necessidade disto? Em que isso vai ajudar a filhinha no futuro? Ela tem computador, tablete, todos com correção automática!

Ironias à parte, o mais triste nesta história é a reação da mãe, não a da filha. Para uma adolescente, é natural preferir achar tudo pronto. Copiar um resumo de internet é muito mais fácil do que ter de pensar, estudar, pesquisar... clicar no google é bem melhor do que procurar entender uma palavra ou expressão no contexto da história, ainda mais uma história tão difícil de entender como as destes livros antigos, sem versões e-books. Mas a da mãe... essa é difícil de entender.

A aluna teve um semestre para ler o tal livro e deixou para a última semana. Teve um semestre para fazer o resumo e deixou para o último dia. E a professora é que é intransigente? Que deveria estender o prazo? Infelizmente, é assim que funciona. Queremos nossos filhos aprovados, preparados, mas jogamos toda a responsabilidade na escola. Esquecemos-nos de que a cada direito corresponde um dever e todos, cada um em sua escala, somos responsáveis.

A verdade é que vivemos uma época confusa. Não é fácil para ninguém. Pais, educadores, responsáveis, todos estamos aprendendo a viver em um mundo novo. Tudo se transforma muito rapidamente, devido à velocidade e intensidade de informações que nos assolam. É preciso encarar este desafio de frente, sem medos, sem melindres, e, no caso de educadores, com dedicação e responsabilidade. Precisamos fazer o meio termo com carinho e firmeza, para formarmos valores sólidos. Sem intransigência, mas com firmeza. Como fez a professora em questão.

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