Ao contrário de há alguns anos, quando o noticiário era compilado no jornal, revista, rádio e televisão, depois de colhido das fontes, para ser amplamente divulgado, hoje, a notícia pode ser divulgada a partir da própria fonte, não importando condição desta última, profissional ou leiga. É o que fez a internet, primeiramente por meio dos sites, seguidos dos blogs e, agora, por meio das redes sociais, que se multiplicam. Qualquer pessoa, de celular em punho, faz furo jornalístico, deixando o repórter a ver navios. Mas, se o profissional tem ética a ser seguida, o eventual nem sempre tem consciência do que faz, e, acaba por conturbar ainda mais uma situação de sofrimento, vivida por pessoas envolvidas em tragédias ou fatos desagradáveis. Não é por ser um fato público que o direito à privacidade, à intimidade e ao respeito, merecido pela pessoa humana, deva ser pisoteado por abutres da desgraça, que se comprazem na dor alheia. Há o fato no seu todo, do qual não se nega informação ao público, mas o mesmo fato contém detalhes, que só interessam aos protagonistas do acontecimento e às autoridades policiais para efeito investigativo. Revestiu-se de crueldade, causando indignação a muitos dos que viram, a postagem do corpo degolado, em recente homicídio. Além do próprio desrespeito ao morto, a exposição dantesca da condição, que o levou à morte, teve o demérito do afrontamento à sensibilidade de seus familiares e outras pessoas mais próximas. O autor da postagem, parece que não satisfeito com dor impingida à família da vítima, pela perda de um de seus membros, aumentada com crueldade das circunstâncias, tratou os fatos como “diversão” encontrada em eventual circo dos horrores.