Nossa corrupção do dia-a-dia

23 de Setembro de 2015

Jornal O Liberal

A julgar pelo que, até agora, se deu a conhecer do “petrolão”, por meio da operação “Lava Jato”, o montante de recursos públicos, desviado no caso “mensalão", virou moedinha lançada ao chapéu do pedinte na esquina. Gente, nunca dantes conhecida pelo nome, lançou-se à ignomínia, com direito aos quinze minutos de celebridade negativa, por meio da mídia. Velhos lobos, conhecidos de outra alcateia e envolvidos em casos passados, também se fazem presentes e pelo “beiço caído” do mesmo personagem que, no caso do mensalão, posava sorridente e dava murros no ar, a coisa tá preta mesmo, com trocadilho e tudo mais! Se a lei for cumprida (o que ainda é duvidoso) esse “talzinho” tão cedo não sairá da cadeia. Da sociedade partem gestos de satisfação pelo desenrolar das ações contra a grande corrupção, que já produziu tantos escândalos, sem a devida compensação pela punição aos envolvidos e ressarcimento dos prejuízos. Mas, ainda que os atuais envolvidos sejam trancafiados atrás das grades e lhes seja tomado de volta o que roubaram, pouca coisa terá sido feita, se não voltados os olhos para o varejo, não só na administração pública, mas em toda a sociedade. A corrupção é um tumor sociocultural, a corroer o organismo nacional! Mãos fechadas ao alto, no protesto contra a grande corrupção de lá, estão manchadas com a “pequena” corrupção de cá, praticada no dia-a-dia dos negócios. Não é preciso ir muito longe para se conhecer casa comercial que, em lugar de cupons fiscais, emite orçamentos (com a declaração “sem valor fiscal"); comete o mesmo crime, pelo qual tantos figurões estão sendo investigados, julgados e levados à cadeia. Neste caso o dinheiro não está sendo desviado de uma grande empresa, mas do próprio consumidor ingênuo, que paga o imposto, mas o comerciante não recolhe aos cofres públicos. Mais que barulho e marchas de protestos, brasileiros precisam fazer sincero exame de consciência, antes de dormir, e assumir sincera posição contra a desonestidade, pela manhã ao se levantar.