Assim como depois da tempestade vem a bonança (se não outra tempestade), depois da embriaguez vem a ressaca e todos seus incômodos. Que o diga quem, na vida, já tomou pelo menos um porre! Pois é, a nação tupiniquim está de ressaca, depois do porre do futebol, com direito a fiasco mundial, e da campanha eleitoral de 2014, com direito a mentiras extras. Ainda em convalescença da “enfermidade” anterior, o país foi lançado à aventura bilionária da Copa, anulados tímidos esforços em sentido contrário pelo delírio das massas com o apoio da mídia; esta, seduzida pela propaganda oficial e a grana que a mesma envolve. As vozes do bom senso, abafadas pelo frenesi do triunfalismo antecipado como parte de campanha eleitoreira à vista, não foram o bastante para impedir gastos extras e supérfluos sob exigência de organismos estranhos à realidade nacional. Em seguida às lágrimas da humilhante derrota, em meio à alienação geral, o engodo do continuísmo, a macaquear tendência nas vizinhanças, não hesitou em falsear previsões positivas e imediatas, quando o país já estava como um pé no vazio. O resultado aí está a assombrar toda a cadeia produtiva, já enfraquecida, mas da qual se quer extrair o restante da vitalidade mediante mais e mais impostos. Indústria em colapso, comércio a cerrar portas, desemprego em massa, completam o quadro configurado no setor público com saúde precária, universidades paralisadas, falta de segurança e criminalidade a zombar da lei e da autoridade; tudo coroado pelo escândalo da Petrobrás e quizumba na área política, onde ninguém se entende, incluindo-se um governo, que finge existir. Quando a cabeça não pensa, é o corpo que padece, diz provérbio popular, mas no padecimento do Brasil não se trata de pensar ou não pensar, porém de ter ou não ter cabeça.