Nuances da vida

07 de Julho de 2017
Geraldo Gomes

Geraldo Gomes

Se foi fato real é algo difícil de se confirmar, mas, mesmo assim vale a pena comentar o episódio porque este leva o leitor a uma reflexão de suma importância para a vida de todos aqueles que se preocupam com a seriedade que esta impõe aos seres humanos de bom senso. Ei-lo: conta-se que Galileu Galilei, importantíssimo homem de Ciências e também Filósofo italiano que vivera entre 1564 e 1642 foi interrogado certa vez por um dos seus admiradores, que também era seu discípulo. Este queria saber a sua idade. Quantos anos o Mestre tem?, perguntou. Oito, talvez dez, respondeu Galileu Galilei em gritante discrepância com a aparência dos cabelos grisalhos e da barba branca que trazia no rosto sulcado pelas intempéries resultantes do tempo vivido. Diante da perplexidade do discípulo, Galileu passa a lhe explicar a sua maneira de ver a vida: na realidade, só tenho os anos que ainda vou viver, aqueles que já vivi não os tenho mais, assim como não tenho as moedas das quais já dispus. Só tenho as moedas que se encontram em meu bolso. Destas posso dispor como me apetecer, o que procuro fazer da melhor forma sem ser perdulário.

Assim como Galileu, o homem de bom senso sempre valoriza o período da vida que ainda virá. Não adianta lamentar ou se regozijar dos dias passados. São passados e não voltarão mais, assim como as águas de um rio nunca voltarão a passar debaixo da mesma ponte, cada segundo, cada minuto, cada dia só se vive uma vez. Por esta razão ao homem convém adquirir a sabedoria para viver. Dizem as Sagradas Escrituras que o temor do Senhor é o início de toda sabedoria; mas os insensatos desprezam a sabedoria e a instrução. Isto está escrito no Livro de Provérbios, redigido pelo Rei Salomão, um dos homens mais sábios de todos os tempos (Pv1:7). Na realidade a vida tem muitas nuances incontroláveis, mas, quem busca a direção de Deus para viver, certamente não terá motivos para arrenpender-se de tê-lo feito. O Senhor Jesus aconselhou em suas pregações na Galileia: transformai-vos pela renovação de vossa mente. Aprendei de mim que sou manso e perdoai aos que vos tenham ofendido. Não digo sete vezes mas setenta vezes sete deveis perdoar. O perdão é uma das atitudes da vida que evita muitos males. Muitas doenças não seriam somatizadas se houvesse perdão por parte das pessoas ofendidas. A falta de perdão é muito mais nociva a quem não perdoa do que para aquele que deverá ser perdoado. Muitas doenças e muitos crimes poderiam ser evitados com a prática do perdão.

Assim como as moedas que Galileu ainda possuía em seu bolso, são os dias que cada pessoa ainda tem para viver, são dádivas de Deus para serem desfrutadas da melhor maneira, segundo os preceitos do Autor da vida, o Criador do Universo e de tudo que nele há. Neste palco existencial a vida de todos seres humanos está submetida a três espécies de leis: a lei de Deus, a lei da natureza e a lei dos homens, sendo que todas elas emanam de Deus, pois foi Ele quem criou a natureza e criou também os homens que fazem as leis. Para qualquer infração destas leis certamente haverá consequências na vida do infrator, pois cada um deve se responsabilizar pelos seus atos. O grande pensador mineiro Carlos Drummond de Andrade disse certa vez: “A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade”. No dizer desse escritor, o seu aprendizado era constante, a cada dia ele aprendia algo sobre a vida. Isto deve ser preocupação de toda pessoa prudente. Esta era a preocupação do autor do Salmo Noventa. Ele, orando a Deus, disse: “Ensina-nos Senhor a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos corações sábios” (Sl90:12). Sabedoria para viver não se consegue nos bancos escolares. Ali se conseguem conhecimentos para a obtenção de uma profissão, mas a sabedoria para viver é algo diferente de conhecimentos. É por esta razão que não é raro se encontrarem profissionais altamente qualificados em suas áreas de atuação, porém, com vidas dilaceradas. Sabedoria para viver se consegue com o reconhecimento da existência de um Deus criador de todas coisas e com a obediência a sua Palavra, repetindo o que acima foi dito, nas palavras do Rei Salomão: “O temor do Senhor é o início de toda sabedoria” (Pv1:7).

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