O Analfabeto Político

28 de Maio de 2012
João de Carvalho

João de Carvalho

Este título nos remete ao secular texto de Eugen Berthold Friedrich Brecht (1898-1956) notável dramaturgo, poeta e encenador alemão, que entre seus múltiplos escritos, registrou este notável pensamento: “O que não sabe é um imbecil. O que sabe e cala é um criminoso”.

Os avanços tecnológicos modernos, sobretudo no campo da informática, exigem dos homens públicos conhecimento teórico e prático do uso da internet a fim de se entrosarem com as versões dos problemas mais atuais, no mundo globalizado. A ausência de habilidade no campo universal da web reduz sistematicamente, a capacidade de absorção de informações essenciais para uma gestão atualizada e dinâmica. Não se concebe a ideia de um político alheio às conquistas vertiginosas dos tempos atuais. O mundo está todo conectado, via ondas hertzianas, captadas por aparelhos sofisticados, via satélite, morando nos espaços siderais. Os fatos que acontecem em qualquer parte do Planeta estão conectados em tempo real a um simples toque de uma tecla, acionada pelo dedo indicador de qualquer pessoa, diante de um aparelho de capacidade digital.

O ANALFABETO é excluído, infelizmente, desta era de progresso, que é a conquista da visão atualizada das coisas e dos fatos que se realizam no mundo atual. O analfabeto, alheio à dinâmica da vida, torna-se fácil presa dos letrados, dos conhecedores dos intrincados problemas da vida moderna, dos espertalhões do poder, da riqueza, porque eles sabem manobrar com perfeição todos os recursos e dados disponíveis, que fornecem a realização de seus propósitos, muitas vezes excusos e plenos de má fé. Em todos os campos da atividade humana, existem elementos dotados de todos os recursos pessoais, técnicos e corporativistas para ludibriarem, com precisão cirúrgica, a consciência dos mais fracos ou ignorantes. A falta de conhecimento e de habilidade, gera o profissional facilmente manipulável, como peça frágil de uma organização.

No campo político as consequências são mais visíveis e palpáveis porque envolvem interesse público. Elas atingem simultaneamente milhões de pessoas que, através de impostos, taxas e contribuições de melhorias, veem frustradas suas necessidades comuns, mas necessárias para sua sobrevivência com dignidade. O desvio das finalidades do erário público é a pior desgraça que pode ocorrer na administração pública. Os poderes Executivos, Legislativos e Judiciários existem para equilibrar os legítimos interesses da Sociedade, que eles representam e exercem atividades necessárias e vitais para o bem comum. A divergência, o desvio desta finalidade, ofendem gravemente os fins para os quais foram criados.

NA VIDA política os analfabetos se inserem de tal forma que, em alguns casos, sabem mais de política que alguns letrados. A política exercida com ética só traz benefícios à sociedade. Mesmo sabendo disso, certas pessoas abominam a política de tal modo, que não se aproximam desse conhecimento. Como gostar do que não se conhece? Quanta corrupção seria evitada, se a maior parte da sociedade entendesse o seu papel na democracia, no controle social, na vigilância ao cumprimento da Constituição.

Cabe aqui, como fecho destas considerações, em ano eleitoral, o seguinte texto de Berthold Brecht: “O pior analfabeto é o analfabeto político, ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política nascem a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”

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