Essa inquietante dicotomia que nos persegue, de carregar nos ombros um anjinho e um capetinha que vão nos seguindo, às vezes de modo cambaleante, mas por toda nossa curta ou longa estrada, é tensa!
E do mesmo modo, dois “bens” nos deixam, a todo momento e, por quase toda a vida, em um dilema peculiar de nossa espécie: devo ser do bem ou devo ansiar e lutar, fervorosamente, por bens?
Se quero perseverar com consciência e garantir meu lugarzinho no céu, devo cultivar o bem em mim e lutar pelo bem dos outros – não restam dúvidas. No entanto, meus olhos, instintos e desejos anseiam, muito, pelo menos nesse lado de cá do mundo ocidental em que vivo, por um melhor celular, por um carro novo e por vestes e calçados da moda.
Capitalismo e consumismo que são incrustados em nossos seres de forma, primeiramente, inconsciente, mas que, ao nos darmos conta dos mesmos, somos postos a prova e ao desafio: o que escolher?
Os sábios afirmam e, um dia, também acabamos por descobrir, que realmente ninguém é de todo bom, e, mais espetacular ainda: ninguém é de todo mal.
E se quando somos pequenos, todos os desenhos, filmes e livros infantis nos induzem a acreditar que o “Bem sempre vence o Mal”, o que fazer, então, quando descobrimos que os dois lados se digladiam - exata e espantosamente - dentro da gente?
Quem é que, então, vence?