O Bloco da baderna generalizada

10 de Março de 2014
Jornal O Liberal

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Apenas no papel acompanhado de muito blá-blá-blá, assim agora, como sempre e por todos os séculos, têm sido as providências oficiais, no município de Ouro Preto, no que toca ao direito de a população ter sossego, independente de parcela da mesma querer e poder se divertir, de acordo com o mesmo princípio estabelecido pela Constituição. Assim foi no recente carnaval, mais uma vez, de olhos voltados para o próprio umbigo, ou seja, o distrito-sede municipal, enquanto distritos secundários ficaram às moscas. Cachoeira do Campo, por exemplo, no tocante à segurança pública e garantias aos cidadãos não tinha nem a quem reclamar, porque não foi enviado reforço policial e não havia fiscalização. A segurança ficou por conta dos poucos policiais militares do contingente local, enquanto a fúria sonora, sem qualquer fiscalização, azucrinou cidadãos, que não queriam ou não podiam ser expostos a excessos desse gênero. Registre-se que tais excessos não foram produzidos por foliões, também prejudicados em sua organização com música instrumental ao vivo, mas por “jecas do asfalto” e suas tralhas ensurdecedoras. Fala-se que nada se fez porque não houve reclamação, mas ouvidoria não se colocou à disposição da população, e, esta está cansada de reclamar por telefone, às vezes ouvida, mas não atendida. Da Guarda Municipal não se viu nem sombra, suscitando-se ilações de que sua existência seja mera contrapartida teórica na corresponsabilidade pela segurança pública. Quando era o carnaval arte, feito pelo povo, com o povo e para o povo, unindo faixas etárias, dos oito aos oitenta anos, todos se divertiam e poucos reclamavam. Veio a “estatização” da maior festa popular brasileira e ela se tornou nisso que aí está: baderna geral sob efeito do álcool, das drogas e palavreado pornográfico em algo “criminosamente” classificado como música. Se a administração municipal tem, quer, e distribui dinheiro a blocos irregulares (sem personalidade jurídica); monta caríssimos palanques; e paga por serviços de sonorização (DJ’s), que carreie esses mesmos recursos às bandas de música (regularizadas) que ficariam responsáveis pelo carnaval nos distritos secundários. Pelo menos, assim, o carnaval seria mais autêntico!

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