O Natal, lições e significados

25 de Dezembro de 2012
Jornal O Liberal

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Mauro Werkema

Festa maior da cristandade, o Natal traz muitas lições, significados e símbolos que se mantêm extremamente atuais, tantos anos depois do nascimento de Cristo, há 2012 anos. A reflexão em torno destes significados, a que se junta a expectativa de um novo ano, é momento e oportunidade para que os espíritos abertos renovem-se para a prática da vida, independentemente de qualquer motivação de fundo religioso. É o Natal, pelos sentimentos que inspira, e que constituem os mais expressivos e valiosos ensinamentos da doutrina cristã, que nos relembra vários princípios fundamentais da conduta humana, da vida em família e na sociedade, a partir de patamares éticos e morais, essenciais a todos que desejem ser felizes e cumprir bem seu tempo neste mundo.

A primeira lição é a da humildade. Jesus nasce num presépio, que significa estábulo, numa manjedoura, em meio aos animais, sem pompa ou riquezas. Será esta, a partir do Século XII, a principal mensagem dos franciscanos, a ordem da penitência e do voto de pobreza criada inspirada por Francisco Bernardoni, o nosso São Francisco de Assis, e que chegou a pregar o próprio despojamento da Igreja de Roma. E cria, com imensa força espiritual, embora simples seja sua mensagem, um poderoso movimento universal. Humildade é condição de sabedoria, abertura para o conhecimento e a mudança. Evita a arrogância e o preconceito, é essencial à convivência produtiva, ao diálogo, à cooperação. E tudo isto passa pela tolerância.

Intenso, para o espírito humano, é sentimento de renovação da esperança, essencial a que se mantenha acesa a chama da vida. Esperança de dias melhores, esperança de vida eterna para os que nela crêem, esperança de paz e de prosperidade, que permitam o bem viver. Sem esperança, esvai-se o ânimo da vida, o alento à renovação, não há a paz. Na confraternização do Natal, na reunião de pessoas em uma só mesa, no encontro na ceia e no ato de presentear, na abertura da alma a partir da humildade cristológica, no prenúncio do Ano Novo, renasce o sentimento da esperança. Dante, na sua Divina Comédia, lê na porta do Inferno, estágio final de sua peregrinação, punição absoluta e infinita, a frase terrível: “Deixai, o vós que entrai, toda a esperança”.

Comemora-se na noite do Natal a confraternização, expressa nos atos de dar e receber, de presentear, de sentarmos juntos, comermos e celebrarmos, de abertura à renovação geral da vida, das amizades, das relações, das condutas. É momento de encontro e reeencontro, de plena e sincera abertura ao diálogo e à cooperação, de aceitação pela compreensão da imensa diversidade deste mundo dos homens e das mulheres, da natureza, e que nos convida ao fraterno convívio com as diferenças e os diferentes. Todos, sentados à mesma mesa, partilhando da mesma ceia, tornam-se pessoas de boa vontade, perplexas pelo mistério da vida, mas também pela alegria de viver, em intensa espiritualidade, estágio superior da condição humana, alimentado pelo sentimento de paz, de solidariedade, de fraternidade, de autenticidade. E pela natural emoção de estarmos juntos, contemplamos o mundo e a nós mesmos, integrados nos mesmos sentimentos de paz, amor e bem.

O nascimento de Cristo, exaltado e reconhecido pelos Três Reis Magos, é a Boa Nova, a chegada do Messias, o Salvador, que traz a possibilidade de um novo mundo, renascimento de um novo tempo, com correção dos desvios anteriores. Tempo de renovação e reconstrução. Com humildade, esperança, verdade e sentimentos genuínos que despertam a ânsia de viver um novo tempo, com todos e para todos. Feliz Natal.

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