O que é bitcoin?

08 de Setembro de 2017
Nylton Gomes Batista

Nylton Gomes Batista

Pode-se ter ouvido a palavra, em algum lugar, algum momento, sem que tenha entendido o que seja, embora a imaginação possa ter sugerido algo a partir da ligeira semelhança com outra palavra. Se assim pensou, errou, porque bitcoin está longe de ser nova marca de biscoito.

A grosso modo, bitcoin é dinheiro, grana, tutu, cascalho, gaita ou qualquer outra das muitas denominações arranjadas pelo povo, em referência ao que todos precisam ter para sobreviver neste mundo; só que não o mesmo que se leva no bolso, na carteira, ou tem depositado no banco. A nova e revolucionária moeda, por não ter corpo físico, não pode ser tocada. Ela existe em “espírito”, na internet! É moeda digital, também chamada virtual ou ainda criptografada. Com ela pode-se comprar e vender qualquer coisa ou contratar qualquer serviço, desde que a outra parte aceite a negociação nesses moldes.

A internet trouxe tantas facilidades, em todos os campos da atividade humana, porém, a grande maioria das pessoas, que com ela tem afinidade, talvez, não tenha sequer pensado na possibilidade de algo parecido. É, realmente, uma grande conquista a revolucionar os meios de pagamento e estimular o comércio no âmbito mundial. Contudo, o grande trunfo do bitcoin para seus usuários e, ao mesmo tempo, dor de cabeça para os governantes, é o fato de a moeda não ter um controle central, não estar ligada a nenhum banco e, principalmente, a nenhum governo. Cada participante tem uma carteira virtual, à qual corresponde um endereço da mesma natureza, que porta os bitcoins adquiridos e do qual eles podem ser transferidos para outro endereço, sem interferência ou intermediação de quem quer que seja. A qualquer momento, querendo, o portador pode convertê-los na moeda circulante, como o real, por exemplo.

O bitcoin não é a única moeda do gênero. Na verdade, existem cerca de setecentas moedas digitais, mas é o bitcoin que se destaca, devido à sua grande valorização. Para se ter uma ideia da escalada do bitcoin, veja-se sua cotação em dólar dia, 01/01/2017 (US$1.003,00) e a cotação no dia 02/09/2017 (US$4.979,90). Assim como os papéis, na bolsa de valores, o valor do bitcoin oscila, podendo sofrer grandes baixas, após o que pode alcançar valores mais altos.

Criado em 2008, a ideia do bitcoin foi, inicialmente, abandonada, só voltando em 2009. Mas, foi em 2010 que a moeda digital estreou de fato. Alguém quis comprar duas pizzas, pagando 10 mil bitcoins por elas. A outra parte concordou e a transação foi efetuada. Ao preço atual do bitcoin, a negociação envolveu uma fortuna e aquelas foram as pizzas mais caras da história! A criação do bitcoin ainda é envolta em mistério. Dizia-se, no início, que teria sido um japonês sob o pseudônimo Satoshi Nakamoto, cujo verdadeiro nome teria ficado oculto. Posteriormente, levantou-se a tese que Satoshi Nakamoto seria o nome de um grupo, o verdadeiro criador da moeda. Mais recentemente, o empreendedor australiano Craig Wright se apresentou como o verdadeiro criador do bitcoin. Segundo se informa, ele apresentou alguns indícios de que estaria a dizer a verdade e ficou de apresentar a prova definitiva. Entretanto, pouco depois, ele desistiu de apresentar a prova, sem, contudo, negar que seja ele o criador do bitcoin.

Seja ele ou não, o nome satoshi ficou ligado à moeda, para identificar a centésima milionésima parcela divisionária do bitcoin, ou seja, cem milhões de satoshis formam um bitcoin. Graficamente, 1 bitcoin ou 1BTC é representado desta forma 1,00000000. O que vem depois da vírgula são os satoshis. Além de ser descentralizado, não estando ligado a qualquer instituição ou governo, outra grande vantagem do bitcoin é não ser inflacionável, ao contrário de qualquer outra moeda controlada por governo. Sabe-se de antemão quantos bitcoins serão gerados, não podendo esse número ser alterado: 21 milhões. Esse fator, aliado à demanda, que cresce a cada dia, alavanca a valorização do bitcoin. Qualquer pessoa conectada à internet pode ingressar no mercado de bitcoins, abrindo uma ou quantas carteiras quiser, em quaisquer dos vários sites da rede. Tendo a carteira, pode adquirir bitcoins ou algumas frações (satoshis) a depender do quanto quer investir.

De sua toca, quem está à espreita do investidor em bitcoin é o Leão da Receita Federal. Ele lambe os beiços, à espera de dar suas bocadas, tendo já orientado que moedas digitais devem ser declaradas pelo valor de compra. No modesto entendimento deste escriba, a Receita Federal não tem como fiscalizar e, assim sendo, não pode fazer tal exigência. Por não ter pátria, o bitcoin não pertence ao meio circulante tupiniquim, único sobre o qual as autoridades locais devem exercer controle, mas falham, absurdamente. Por isso, entende-se que o contribuinte não tem obrigação de declarar, assumindo-a, entretanto, ao converter a moeda digital na moeda nacional. Contudo, nada impede que o Leão continue a sonhar com os bitcoins dos tupiniquins!

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