O turismo como meio de superar a crise econômica

29 de Julho de 2015
Jornal O Liberal

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_ *Mauro Werkema_

Relatório recente da Organização Mundial de Turismo revela que o setor continua crescendo em taxa próxima de 5% ao ano, de maneira global. E as razões desta performance, além da crise econômica, que atinge grande parte do mundo, especialmente a Europa, são a busca de diálogo, intercâmbio e cooperação mundiais, a facilidade de deslocamento, o aumento da cultura e das demandas da educação e a necessidade, crescente, de lazer, entretenimento e os períodos de férias, cada vez mais um direito de todos. Em resumo, é o mundo globalizado. No Brasil, a taxa situa-se em torno de 4% nos últimos anos e a crise, reduzindo as atividades econômicas, com repercussão nos orçamentos empresariais e familiares, certamente permite prever fluxos menores de visitantes. Mas, a conclusão mais importante de toda esta realidade, é que o turismo continua a ser atividade importante na geração de emprego, renda e circulação de receitas, em curto prazo, tornando-se ferramenta importante para vencer a crise.

O raciocínio é particularmente importante para as cidades turísticas, como é o caso da Região dos Inconfidentes, que abriga Mariana, Ouro Preto e Itabirito e um variado conjunto de vilas e povoados que também são destinos atrativos de visitantes. É a chamada Região dos Inconfidentes, território central nos mapas mineiro e brasileiro, dispostas em longo da BR-356, numa distância de 110 km, de fácil acesso. E que apresentam vários e diferenciados atrativos, históricos, artísticos, naturais, em singular exemplaridade, além de oferecer oportunidades para outros segmentos do turismo contemporâneo, como o setor de eventos e negócios, de natureza, educacional e outros. Enfim, uma imensa potencialidade face à proximidade de grandes centros emissores de turistas, a facilidade de acesso e a concentração de atrativos.

É claro que a raridade, singularidade ou exemplaridade dos atrativos turísticos constituem vetores fundamentais para que uma região se torne turística. Mas não é suficiente para uma sustentabilidade. É preciso planejamento, organização e gestão, contínuas. É preciso qualificar os receptivos, monumentos, a rede de hoteleiros, a oferta gastronômica, o composto de comunicação e divulgação, a presença de guias bem treinados, ação dos órgãos públicos na segurança, na limpeza pública, na orientação e deslocamentos pelas cidades com sistemas de informação. Nada complexo ou de maior dificuldade no planejamento e na operação mas que exige um mínimo de organização e gestão adequada. E os resultados são certos, em médio prazo, como mostram vários destinos que se transformaram, superando crises crônicas.

Mariana, primeira capital de Minas, abriga patrimônio cultural de grande valor. Ouro Preto, segunda capital de Minas, inscrito na lista de cidades que tem o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, é conhecida internacionalmente. E Belo Horizonte, terceira capital, precisa estar incluída neste programa, através de ações de cooperação ou de atuação conjunta. Mariana e Ouro Preto precisam prolongar a estadia de visitantes e podem, perfeitamente, conforme já discutido e planejado, estabelecer ações comuns com BH, porta de entrada e onde se situam as agências de turismo. Não há restrições outras senão a falta de oferta de atrativos capazes de reter mais o visitante. Mas é preciso planejamento, ação solidária, atitudes cooperativas. E muitos eventos, pelo menos em parte, que se realizam em BH podem ser feitos em Mariana e Ouro Preto, que possuem centros de convenções.

Diante à crise, geral, é também hora de replanejar. De conquistar posições. Creio que o seminário sobre turismo que se realizará em outubro em Ouro Preto, com apoio da Prefeitura e da ABAV, deva ter como questão central esta atuação, com foco na Região dos Inconfidentes e procurando incorporar neste esforço Belo Horizonte e a incluindo no conjunto dos atrativos os vários distritos, vilas e povoados que enriquecem bastante o portfólio de atrativos de todo o território. E a crise poderá ser vencida com mais facilidade, aproveitando-se, enfim, desta principal potencialidade da região. É a sua maior riqueza, capaz de realizar transformações extraordinárias, de que temos vários exemplos no Brasil e no mundo.

*Jornalista

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