Onde está o governo?

29 de Junho de 2015
Nylton Gomes Batista

Nylton Gomes Batista

Assim como a corrupção, neste país, tanto idosa quanto ele próprio, desde sua “descoberta”, a violência, que campeia sem peias, pelo mundo, nasceu com os pioneiros. E segundo a Bíblia, aconteceu em família com irmão matando irmão, por motivo torpe e de forma covarde, tal qual se ouve todos os dias nos “teleshows” de violência e criminalidade! Pode causar espanto e choque a alguns, mas violência é inerente, é natural ao ser humano, pois, na verdade, somos anjo e demônio, ao mesmo tempo. A prevalência de um ou outro depende do controle a se exercer para que nosso lado mau fique contido, subjugado, sem condições de exercitar-se contra o bem, em quaisquer circunstâncias. Para uns, na hora da tentação, é questão de contar até dez, enquanto a razão analisa, julga e controla a fera; para outros, a contagem pode ir a cem, a mil, ou seguir até o infinito. Mas há os que não contam e aí... salve-se quem puder!

Já se disse, no Brasil, que a violência, sobretudo roubos e assaltos, seria produto da pobreza, da miséria, do desemprego. Engraçado, porque reduzida a miséria e ascendidas as classes “c” à classe média, segundo a propaganda oficial, violência e criminalidade não fizeram o movimento inverso, descendo, mas subiram em volume e, aparentemente, também em barbárie. E o que se via e se vê, como agentes do crime, não são famélicos e/ou esqueléticos, porque estes não teriam recursos e nem forças para empunhar as armas que empunham. Dizer que seriam desempregados chega a ser insulto à classe trabalhadora!

Pergunta-se o porquê da escalada da violência e da criminalidade. Se são parte da natureza humana, em sua essência animal, há necessidade de governos com autoridade suficiente, amparada por leis amplas e justas para a organização e proteção da sociedade, executando-as, sem quaisquer exceções relativas à qualificação social do indivíduo apanhado em delito. É o mesmo que faz o indivíduo, quando se refreia para não fazer besteira! Sem governos, moralmente respeitados e providos de legislação mais próxima do que se considera justo, a espécie já teria desaparecido da face da terra. Mesmo os tendo, na medida do possível politicamente, o mundo é palco de constantes guerras e conserva, em estoque, armamento suficiente para destruí-lo; é a somatória da natureza animal de cada indivíduo, na configuração do perigo.

A omissão na prevenção e a impunidade na constatação do crime, no Brasil, evidenciam fraqueza dos que governam; sinalizam para falhas de caráter dos agentes e até acumpliciamento com a criminalidade, não poucas vezes constatado, sem que os culpados tenham sido devidamente desligados do serviço público. Sim, exclusão e o devido ressarcimento, em caso de prejuízo aos cofres públicos, pois é assim que se procede, quando o caso acontece no setor privado. Governo cheio de mazelas perde o respeito da sociedade e tem, nas parcelas frágeis desta, a reação mais primitiva. É o que está a acontecer!

A violência já é tão banal, no Brasil, que seu conceito se altera. Não raro ouve-se de repórteres, e mesmo de vítimas de sequestro, que o criminoso não usou de violência. E o próprio ato de sequestro o que é?... carinho? Para ser violência tem que haver sangue? Do confronto entre polícia e bandidos, se resulta morte de policial, há festa; se morre bandido, há luto! É a mais desgraçada evidência de que o governo, há muito tempo, perdeu o respeito, perdeu a moral, deixando a sociedade à mercê dos bandidos. Personalidades e entidades rogam aos céus pelos Direitos Humanos, quando agentes da violência e do crime são presos ou mortos em confrontos com a polícia, porém das famílias vitimadas ninguém se lembra; ficam ao abandono, a curtir as lágrimas!

Galalaus, no auge da adolescência destituída de consciência, estão à vontade para praticar o que querem, porque têm o ECA a lhes dar guarida, pouco se lhes importando (ao ECA e aos galalaus) que menores de idade, da mesma faixa etária e até mais baixas, estejam a sofrer o abandono, a fome, a doença, o pouco caso das instituições oficiais. Os galalaus não podem trabalhar!... mas podem matar, podem assaltar, podem roubar, podem estuprar (até dentro da escola), e, ai daqueles que se levantam para pedir punição, por seus crimes, ops, infrações!

A imprensa também sua parcela de culpa. Na região de Ouro Preto, por exemplo, jornais deixam de nominar criminosos, ainda que presos em flagrante delito, ou réus confessos, escapando, assim da finalidade imediata do noticiário policial, que não é só a divulgação dos fatos, porém informar à sociedade quem, em seu meio, transgrede ou transgrediu a Lei. A sociedade tem o direito de saber quem está contra si, mesmo porque isso faz parte da política de prevenção, cuja responsabilidade deve ser dividida entre a população e as autoridades policiais. Enquanto a sociedade é acuada pela bandidagem de todos os gêneros, em todas as frentes, pergunta-se: onde está o governo? Resposta rápida: está muito ocupado a arrecadar impostos!

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