Oportunidade de mudanças III

30 de Setembro de 2016
Nylton Gomes Batista

Nylton Gomes Batista

As últimas semanas, nesta transição entre inverno e primavera, diversos fatos políticos têm sinalizado para mudanças ou, pelo menos, para oportunidades que permitam ao país sair da zona cinzenta, incerta, infrutífera, e, encontrar pela frente o verde, salpicado de flores, prenúncio de frutos futuros.

O embate entre a maioria, representada por multidões saídas às ruas que pediam o impeachment, e, o pequeno grupo a defender a então presidente, terminou mediante respeito à vontade dos primeiros. Muito se tentou em contraposição às denúncias acatadas, na Câmara Federal, pelo então seu presidente, também no olho do furacão, que o levaria a ser cassado, depois de afastado do cargo direcional pelo STF O argumento fajuto de que a ação seria golpe não prevaleceu, como tentaram os poucos impingir sob o guarda-chuva dos cinquenta e quatro milhões de votos, que fizeram sentar-se na cadeira presidencial a Petralha II. Apoio se dá e se tira, o significa dizer que a, agora, ex-presidente não contava com a sustentação popular do mesmo número que a elegeu. Houvesse um sistema permanente de avaliação popular em relação aos agentes políticos, ter-se-ia constatado a diluição de quase a totalidade dos votos dados à autointitulada “presidenta”, embora a flexão de gênero não contrarie dicionários.

Ela se foi, e, no seu rastro, foi também despachado o ex-presidente da Câmara, que saboreara o prazer de acatar a denúncia que levaria ao impeachment. O todo poderoso parlamentar usou e abusou de tudo ao seu alcance, na tentativa de barrar o processo de sua cassação, que consumiu dez meses de discussões na Câmara e torrou a paciência nacional! Tivessem maturidade e consciência de que o mandato não lhes pertence, obtido o número que tivessem de votos nas urnas, políticos renunciariam, tão logo constatadas suas falhas e consequente impopularidade, dissolvendo-se então as crises que causam. Em países mais sérios, se descobertos na vergonha, políticos costumam por fim à própria vida. Aqui não se pede tanto, mas que respeitem o povo! É bom lembrar que o deputado teimoso não perdeu o mandato em consequência das acusações que lhe pesam de envolvimento com o escândalo da Petrobrás; foi cassado, sim, por quebra de decoro parlamentar, quando mentiu na CPI, negando que tivesse conta secreta em banco, na Suíça. Às demais acusações ele ainda responderá, na Justiça, porém sem direito a foro especial.

Pode-se dizer que o Brasil, moralmente, se transmuta! Contudo, mais à frente, ver-se-á que forças negativas estão renitentes, não aceitando a transformação!

No cumprimento de nova etapa da operação Lava Jato, O Ministério Público Federal apresentou novas denúncias, provocando reação imediata de seu principal denunciado, o Petralha I. Desde o término de seu governo, foram suas declarações mais patéticas, resvalando para o ridículo em sua presunção de cidadão acima de todas as suspeitas. Classificar-se como o mais honesto quebra o decoro pessoal, que se quer com relação à própria imagem, pois qualidade e virtude, se as temos, devem ser deixadas para que terceiros as apontem. Como é de seu costume, o ex-presidente falou pelos cotovelos e não deixou de expelir mais uma de suas pérolas, em defesa da classe política: “a profissão mais honesta é a do político, porque todo ano, por mais ladrão que seja, ele tem que ir para a rua, encarar o povo e pedir voto”.

Esclareça-se, primeiramente, que política não é profissão, embora assim a deturpem. Em seguida, se o ex-presidente está em gozo de suas faculdades mentais, ele deve ter trocado as palavras. Para ser coerente com a realidade, em lugar de “honesta” talvez quisesse dizer “cara-de-pau”, pois a figura do “bom ladrão” só existiu no alto do Calvário! Mas, o homem estava a cuspir marimbondos, por ter sido cognominado “comandante máximo do esquema de corrupção”.

Quanto a isso, estabeleceu-se a polêmica porque, na verdade, o documento da denúncia não o qualificava dessa forma, ficando a “titulação” por conta do procurador da força tarefa. O Petralha I e parte da média chamaram de pirotecnia. Foi, realmente, pirotecnia, porém justificável, consideradas as manobras para esfriar a Lava Jato, após impeachment da então presidente e cassação do deputado ex-presidente da Câmara Federal. Foi como se a força tarefa se levantasse e dissesse: corruptos e corruptores, estamos firmes e vamos pegá-los; estejam conscientes disso!

A nação cansou de ser enganada e confia na ação do Ministério Público, da Polícia Federal e da Justiça, como um todo, com vistas ao combate da corrupção e punição dos envolvidos, tenham o pedigree que tiverem.

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