Os nomes e as incertezas na eleição de Ouro Preto

05 de Outubro de 2012
Jornal O Liberal

Jornal O Liberal

Mauro Werkema

Os ouropretanos comparecem às urnas de domingo próximo com razoáveis informações sobre os candidatos à Prefeitura. As campanhas discutiram mais as pessoas, seus perfis pessoais e condutas, do que programas e propostas de governo, como é da tradição da política brasileira, mais personalista do que programática, situação que se atribui também ao irrealismo da política partidária brasileira, com agremiações de pouco conteúdo ideológico e doutrinário. Mas, mesmo assim, é possível, conforme se fala e se discute nas ruas e nas reuniões, diferenciar os candidatos, tarefa a que os eleitores mais conscientes e independentes certamente terão se dedicados nestes últimos dias para que cheguem à urna com convicção de que sua escolha é a melhor para Ouro Preto e seu futuro. Ressaltemos que a falta de pesquisa confiável, com metodologia científica, cria certa incerteza de vitória ou de lideranças nesta reta final, podendo ocorrer surpresas.

O candidato José Leandro (PSDB), ex-prefeito, que liderava a intenção de voto nas pesquisas mais antigas, parece manter uma fiel e indesviável liderança, produto de duas heranças mais do passado do que do presente: o amplo conhecimento do seu nome e por representar a oposição mais nítida ao prefeito atual. Leandro, médico, discreto, de pouca fala, pouco visto em reuniões públicas, ou mesmo nas ruas, com programa mais modesto, acusado pelos adversários de desatualizado, tentou ampliar adeptos certo de que realmente o mundo mudou em quase tudo, nas idéias, nos problemas, nas soluções, nas condutas ideológicas, na qualidade perceptiva dos eleitores. Seus amigos dizem que é um novo José Leandro. Mas, na opinião geral, José Leandro é um fenômeno, que exigiria melhor análise para que se revelasse sua permanência, constituindo uma liderança mais de memória do que pela conquista através de idéias, mas que pode levá-lo à vitória domingo próximo. A divisão da base de apoio ao prefeito Angelo Oswaldo poderá ser o fator decisivo para sua vitória. Mas, sobre ele, ainda pesa o temor de uma possível impugnação a partir de um recurso que subiu ao Tribunal Superior Eleitoral, ainda sem data para julgamento.

Dimas Dutra, do PR, mas com coligação de partidos fortes, confiado na sua relação pessoal humana e generosa, característica distintiva de sua personalidade, tomou gosto pela política e trabalhou intensamente para tornar seu nome conhecido. É forte candidato na região de Cachoeira do Campo, Leite, Glaura e Amarantina. Concentrou sua campanha nas suas qualidades pessoais de médico, inquestionável honestidade pessoal, democrata e transparente, de boa convivência e fácil diálogo, sem arrogância e capaz de dividir decisões com os correligionários. Recente na vida política, não tem processos, condenações ou mesmo quaisquer acusações. Agrega pela personalidade convivente e tornou-se forte pelo contato pessoal. Mas sofre com o insuficiente conhecimento do seu nome, embora vice-prefeito atual, em divergência com o prefeito, de quem esperava, por justiça, apoio eleitoral. Possui programa bem elaborado e cresceu neste final de campanha, podendo surpreender.

O vereador Júlio Pimenta, do PPS, obstinado há alguns anos em ocupar a Prefeitura, apresenta-se como jovem administrador, capaz de realizar gestão empreendedora, modernizando a Prefeitura. Vereador bem votado, simpático, com bom discurso, com amplo apoio de jovens, campanha bem organizada, dispondo de muito mais recursos financeiros, levou seu nome a todos os cantos de Ouro Preto. Com apoio do prefeito Angelo Oswaldo, que colocou a Prefeitura a seu favor, nas obras, nos cargos, nos prestígios possíveis, manifesta convicção de vitória, bem possível. Sofre, no entanto, de pesadas críticas, acusações, não só dos privilégios do apoio oficial, mas por realizar campanha de alto custo, razão pela qual é acusado de acordos e compromissos com interessados em fazer retornar estes apoios, se conquistada a Prefeitura. Foi o principal alvo das críticas dos concorrentes.

Gleiser Boroni, jovem, advogado, empresário, com grande gosto pela política, ex-vereador e secretário municipal, com desempenho eleitoral expressivo em uma candidatura a deputado estadual, marca posição e divulga seu nome para as próximas eleições. Apresenta-se como inovador da política ouropretana, líder do movimento chamado “Cara Nova”. Organizou boa campanha e certamente terá votação que permitirá que continue na política ouropretana.

As aspirações dos cerca de 48 mil eleitores de Ouro Preto são muitas e dispersas, conforme o perfil político e demográfico da cidade cosmopolita e cultural. Saúde pública, educação, emprego e salários, mobilidade urbana, prefeitura honesta e eficaz, moradia e segurança nas encostas aparecem numa escala de prioridades. Com arrecadação mensal próxima de R$ 20 milhões, podendo alcançar até R$ 28 milhões com a retomada do crescimento brasileiro, Ouro Preto é cobiçada e sempre lembrada por sua simbologia cultural e cívica, que traz anualmente presidentes da República, governadores e pessoas ilustres de todo o mundo para visitá-la.

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