Paira sobre cabeças a mentira empresarial

07 de Setembro de 2014
Jornal O Liberal

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Vira moda, neste país, a mentira como válvula de escape à responsabilidade por falhas na prestação de serviços. Na engrenagem administrativa, alguém deixa de realizar seu trabalho, o que resulta em prejuízo ao cliente, usuário, ou consumidor. Mas, longe de assumir a responsabilidade junto ao destinatário final do serviço, engendra-se mentira e, dentro do espírito corporativo de autoproteção, é sobre ele que tentam descarregar a culpa pela falha. Como dentro da cultura tupiniquim não fica bem a reclamação e, muito menos, a denúncia, a mentira acaba por se impor e, ao público, a vítima é apresentada como vilã. O Brasil fez sua independência política, mas o cidadão continua preso ao medo colonialista, quando o “sim senhor”, “não senhor” conformista dava o tom da convivência em sociedade. Nada de reclamação porque o “dono”, o “senhor” sempre tem razão. Daí surgiu entre os tupiniquins a cultura do “deixa pra lá”, porque nada vai resolver. Em grandes grupos realizam-se críticas e protestos, conforme atestam últimas manifestações populares, quase todas usadas por bandidos e desordeiros para suas ações destrutivas. Mas, individualmente, todos se calam, todos baixam a cabeça diante do desrespeito. O indivíduo ganhou estatuto de cidadão, porém lhe falta o cerne de cidadania, que lhe permitiria questionar, reclamar, cobrar, criticar, sem parecer desrespeitoso, nem acima de sua cabeça e nem ao nível dos seus. Nesse ambiente subserviente progridem desrespeito e agressão aos direitos do cidadão, não se salvando nem empresas estatais que, só pelo ostentado gigantismo, inibem qualquer iniciativa em defesa daqueles direitos. Veio o Código de Defesa do Consumidor e nem ele consegue equilibrar os direitos de parte a parte, sem a intervenção da Justiça. Muito menos que mal em si, o erro é parte do aprendizado humano, individual ou em grupo, não se deduzindo valor de quem o comete e assume. O mal está em escamotear o erro e, mais grave ainda, mediante mentira que inculpe o inocente. E se a vítima não reage com denúncia e ação para que se repare a ofensa, invertem-se os valores com ignóbeis a tripudiar sobre a honestidade!

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