Para Pensar

08 de Julho de 2015
Valdete Braga

Valdete Braga

Existe uma fábula, cuja história, em síntese, é a seguinte: o coelho e a tartaruga apostaram uma corrida. Obviamente, o coelho saiu na frente e, quando estava no topo de um morro, olhou para baixo e viu a tartaruga tão longe, que, desdenhando de sua vagareza, resolveu deitar e dormir. Passo a passo, a tartaruga passou pelo coelho adormecido e continuou seu caminho.

Aí vêm as interpretações: no Brasil, segundo a história, o coelho acorda a tempo e ultrapassa a tartaruga, vencendo a corrida. A fábula é para mostrar que o esperto sempre vence.

No Japão, a história é contada de modo que a tartaruga chega em primeiro lugar. A fábula é ensinada para enfatizar a importância da persistência. Na índia, diz-se que, quando essa história foi contada, houve alguém que argumentou: “A tartaruga foi má, por não ter acordado o coelho”. São diferentes maneiras de se interpretar a mesma história.

Talvez por isso tenhamos tantos casos de corrupção em nosso país. Preferimos ser espertos. Não paramos para ajudar, como na Índia, país pobre e sofredor. Também não vamos passo a passo até nossos objetivos, como no Japão, país próspero.

Que tal imaginarmos uma nova versão para essa história?

Mais ou menos assim: o coelho e a tartaruga sairiam juntos. Não se preocupariam em ganhar, mas em criar harmonia em sua passagem. Ofereceriam o prêmio um ao outro, pois não haveria perdedor. Um ganharia pela velocidade. O outro, pela persistência.

A tartaruga veria o coelho sair correndo. Então ela seguiria, apreciando, a cada passo, as flores da estrada, as árvores, o riacho que passava ali perto. Então, a tartaruga se apiedaria do amigo, que na correria se esquecia de ver cada detalhe sagrado. O coelho, por sua vez, olharia para trás e veria a tartaruga caminhando lenta e decididamente. Pararia e a esperaria. Perguntaria como estava. Juntos, descansariam nas sombras das árvores. E o melhor é que não haveria prêmio a obter, nem corrida a ganhar. Tudo o que haveria seria o prazer de viver. Cada um com seu passo, seu estilo, sem competir, caminhando o Caminho, sendo o Caminho iluminado.

Que linda seria essa versão da história!

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