Havia um homem que era sozinho, não tinha casa, nem mulher, nem filhos. Este homem era muito pobre, mal tendo o que comer. Todos os dias, ele ia rezar no templo, e pedia melhor sorte à sua vida. Um dia, ouviu uma voz sussurrar: “a primeira coisa que tocares quando saíres do templo vai trazer-te grande fortuna”. Assustado, saiu correndo, tropeçou e rolou pelos degraus, até a rua. Ao se levantar, reparou que tinha um fiapo de palha em sua mão. Resolveu guarda-lo, e seguiu seu caminho. Pouco depois, apareceu uma libélula, zumbindo à volta da sua cabeça. Apanhou-a, amarrou-a no fiapo de palha e continuou descendo a rua.
A caminho do mercado, encontrou uma florista com o filhinho. Quando viu a libélula, zumbindo, amarrada no fiapo de palha, seu rostinho se animou:
– Mãe, me dá uma libélula? Por favor!
Ouvindo isso, o homem, com pena do menino, deu-lhe a libélula.
– É muita bondade sua! – disse a florista – Não tenho nada para lhe dar em troca, além de uma rosa. Ele agradeceu e continuou seu caminho, levando a rosa. Andou mais um pouco e viu um jovem, sentado num toco de árvore. Parecia tão infeliz, que perguntou-lhe o que havia acontecido.
– Vou pedir a mão da minha namorada em casamento hoje à noite, mas sou tão pobre, que não tenho nada para lhe oferecer.
– Não tenho nada de valor, mas se quiseres, podes dar-lhe esta rosa.
O rapaz sorriu alegre ao ver esplêndida rosa, e disse:
– Fique com estas três laranjas. É só o que posso dar em troca.
Seguindo seu caminho, o homem encontrou um mascate, ofegante.
– Estou com tanta sede, que acho que vou desmaiar.
– Podes ficar com estas três laranjas.
– O senhor é muito bondoso. Por favor, aceite esta seda em troca.
Seguiu pela rua, com o rolo de seda debaixo do braço, e passou por ele uma princesa, numa carruagem.
– Onde arranjou essa seda? É justamente o que estava à procura. Hoje é o aniversário do meu pai e quero dar-lhe um quimono real.
– Já que é aniversário dele, tenho prazer em lhe dar esta seda.
– O senhor é muito generoso. Por favor, aceite esta jóia em troca.
O homem levou a jóia ao mercado, vendeu-a e com o dinheiro comprou uma plantação de arroz. Trabalhou muito, arou, semeou e colheu. A cada ano, a plantação produzia mais arroz, e em pouco tempo, ele ficou rico. Passou a dividir arroz com os que tinham fome e ajudava a todos que o procuravam.
Muitos diziam que sua sorte tinha começado com um fiapo de palha. Mas não teria sido com a generosidade?