Para pensar

29 de Agosto de 2015
Valdete Braga

Valdete Braga

Havia um homem que era sozinho, não tinha casa, nem mulher, nem filhos. Este homem era muito pobre, mal tendo o que comer. Todos os dias, ele ia rezar no templo, e pedia melhor sorte à sua vida. Um dia, ouviu uma voz sussurrar: “a primeira coisa que tocares quando saíres do templo vai trazer-te grande fortuna”. Assustado, saiu correndo, tropeçou e rolou pelos degraus, até a rua. Ao se levantar, reparou que tinha um fiapo de palha em sua mão. Resolveu guarda-lo, e seguiu seu caminho. Pouco depois, apareceu uma libélula, zumbindo à volta da sua cabeça. Apanhou-a, amarrou-a no fiapo de palha e continuou descendo a rua.

A caminho do mercado, encontrou uma florista com o filhinho. Quando viu a libélula, zumbindo, amarrada no fiapo de palha, seu rostinho se animou:

– Mãe, me dá uma libélula? Por favor!

Ouvindo isso, o homem, com pena do menino, deu-lhe a libélula.

– É muita bondade sua! – disse a florista – Não tenho nada para lhe dar em troca, além de uma rosa. Ele agradeceu e continuou seu caminho, levando a rosa. Andou mais um pouco e viu um jovem, sentado num toco de árvore. Parecia tão infeliz, que perguntou-lhe o que havia acontecido.

– Vou pedir a mão da minha namorada em casamento hoje à noite, mas sou tão pobre, que não tenho nada para lhe oferecer.

– Não tenho nada de valor, mas se quiseres, podes dar-lhe esta rosa.

O rapaz sorriu alegre ao ver esplêndida rosa, e disse:

– Fique com estas três laranjas. É só o que posso dar em troca.

Seguindo seu caminho, o homem encontrou um mascate, ofegante.

– Estou com tanta sede, que acho que vou desmaiar.

– Podes ficar com estas três laranjas.

– O senhor é muito bondoso. Por favor, aceite esta seda em troca.

Seguiu pela rua, com o rolo de seda debaixo do braço, e passou por ele uma princesa, numa carruagem.

– Onde arranjou essa seda? É justamente o que estava à procura. Hoje é o aniversário do meu pai e quero dar-lhe um quimono real.

– Já que é aniversário dele, tenho prazer em lhe dar esta seda.

– O senhor é muito generoso. Por favor, aceite esta jóia em troca.

O homem levou a jóia ao mercado, vendeu-a e com o dinheiro comprou uma plantação de arroz. Trabalhou muito, arou, semeou e colheu. A cada ano, a plantação produzia mais arroz, e em pouco tempo, ele ficou rico. Passou a dividir arroz com os que tinham fome e ajudava a todos que o procuravam.

Muitos diziam que sua sorte tinha começado com um fiapo de palha. Mas não teria sido com a generosidade?

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