Plantio e colheita

21 de Outubro de 2015
Valdete Braga

Valdete Braga

Segundo o ditado, “quem procura, acha”. Nem sempre. Há pessoas que acham sem procurar e outras que passam uma vida inteira procurando e não encontram nunca. Mas uma coisa é certa: colhe-se o que se planta. Cedo ou tarde, perto ou longe, mas a colheita chega e chega de acordo com o plantio. É inevitável. Não há como colher bananas de uma laranjeira ou laranja de uma bananeira.

Devemos pensar muito antes de plantar. Analisar o terreno, escolher a semente e, principalmente, avaliar com muito cuidado que tipo de frutos essa semente dará. Às vezes, vamos com muita sede ao pote, desejamos mais do que nos é possível, plantamos semente estragada e esperamos colheita farta. Em outras, escolhemos belas sementes e jogamos em terra árida. Ledo engano. Para a colheita ser produtiva, precisamos do conjunto. Não basta “ser bom” para colher bondade. É preciso, principalmente, espalhar o bem.

Tantos se arvoram da própria bondade, se acham o máximo, alardeiam o quanto são perfeitos e maravilhosos, mas viram o rosto para o necessitado que passa ao seu lado na rua. Quando digo necessitado, não me refiro apenas ao quesito material. Muitos são necessitados de um gesto de afeto, um carinho, um sorriso, que seja. Há momentos, nesta vida, em que um abraço sacia mais do que uma cesta básica completa. Um sorriso alimenta mais do que uma lauta refeição. A fome de atenção pode ser mais dolorosa do que a física.

Em gestos aparentemente pequenos, podemos estar plantando verdadeiras florestas do bem. Sem alardes, sem holofotes, sem propaganda na televisão ou autógrafos pelas ruas. Sem disputar prêmios em reality shows e sem tornar-se celebridade; anonimamente ou em grupos, cada um de nós pode jogar a sua sementinha. Mas – atenção – não nos esqueçamos de verificar o terreno. Há vezes em que é preciso irrigar a terra, antes. O grau de evolução espiritual varia de um ser humano para outro, e se a pessoa não estiver pronta para receber, é inútil forçar. Podemos voltar mais tarde, tentar jogar uma aguinha naquela terra que ainda não se adubou, mas temos de dar a ela o tempo que precisar.

Bondade vinda da vaidade é ilusão. O ser humano que é bom não precisa anunciar isto. Não sente necessidade de provar, pois para ele é natural. Conheço vários assim, em menor e maior grau, e são pessoas felizes. Plantam e colhem sem se dar conta, porque não o fazem para mostrar nada a ninguém. Gosto de gente assim. Aprendo com gente assim. Torno-me um pouco melhor a cada lição. E luto para continuar aprendendo e melhorando a cada dia, até a colheita final.

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