Políticos carreiristas postos de lado

18 de Novembro de 2016
Nylton Gomes Batista

Nylton Gomes Batista

O mundo levou baita susto, no dia 9 de novembro do corrente, ao ser anunciada a vitória do menos esperado, menos desejado e menos politicamente qualificado, pelo menos, segundo os padrões vigentes, para a presidência dos Estados Unidos da América. Assustado com o que ele significaria, a julgar pelas aparências, fartamente escancaradas por ele próprio durante a campanha eleitoral, o mundo se mostra também estupefato, a se perguntar o que levou o eleitorado norte-americano, dito bem politizado, a escolher figura tão polêmica, para dirigir a nação considerada a mais poderosa do mundo. Estudiosos e cientistas políticos, analistas e, principalmente, marqueteiros do ramo estão às tontas, sem conseguir explicação plausível para o desfecho insólito de uma campanha, que tinha tudo para dar no contrário.

Mas, o mundo está a viver um ciclo de surpresas: rejeição popular ao dito “acordo de paz” entre o governo colombiano e as FARCS; o BREXIT, ou seja, saída dos britânicos da União Europeia e, agora, a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas! A vitória do homem, considerado um brutamonte social, corresponde, na política, em termos de impacto, surpresa e incertezas quanto ao futuro, o mesmo causado pelo ataque ao World Trading Center, em 09.11.2001. Curiosamente, a data da vitória Trump, 09/11, é a inversão da data, 11/09, daquele ataque terrorista.

Teme-se pelo rompimento de acordos internacionais, denunciados por ele como prejudiciais aos Estados Unidos; pela sorte de imigrantes, notadamente latino-americanos, considerados por ele bandidos, traficantes e pessoas menos qualificadas socialmente, que estariam com os dias contados dentro daquele país. Dentre as correntes religiosas, o islamismo estaria cotado para ser banido do território norte-americano, porque o presidente eleito considera o muçulmano potencialmente terrorista. Na verdade, com base em suas bombásticas declarações, que incluem até um muro para separar os EUA do México, criou-se um quadro de horrores, que causa medo e é repudiado, não só por estrangeiros residentes em território norte-americano, mas por toda a comunidade internacional. A seguir por suas ideias, não ficará pedra sobre pedra de tudo aquilo que se fez, pós-desmonte da União Soviética, com vistas à quebra das pesadas estruturas do controle estatal, das restrições no comércio internacional, ao mesmo tempo em que se imprimia valorização aos direitos e liberdades individuais. Tudo promete se destemperar nas relações dos Estados Unidos com o mundo, pois se o presidente eleito diz que seu país deverá voltar-se mais para si próprio, distanciando-se das questões internacionais, por outro lado, há perigo de agravamento da beligerância mediante promessa de recuperação do poderio militar.

Observou-se, entretanto, que a partir do anúncio de sua vitória, o discurso foi mais civilizado, comedido, o que pode ser sinal de um futuro presidente em clara oposição a tudo aquilo que disse durante a campanha presidencial, já considerada a de mais baixo nível em toda a história eleitoral norte-americana. Pode ser também efeito da surpresa, pois, aparentemente, nem ele esperava vencer a eleição, a julgar por sua reação ao anúncio de que era considerado o novo presidente. Dentro do mínimo de esperanças, acalentado pelos povos com relação ao futuro das relações dos Estados Unidos com o mundo, torce-se para que o indesejável de sua campanha tenha sido jogo de cena, fanfarronice ao estilo dos valentões que, segundo o cinema, escreveram o lado mau da história da conquista do Oeste norte-americano. Praza a Deus seja isso!

Quanto ao que impulsionou a votação no Trump, muito simplória a explicação de que teria sido o uso do endereço eletrônico (e-mail) pela então secretária de Estado, Hillary Clinton, para transmitir assuntos de estado. O eleitorado não se deixaria levar por algo que, se errado, não seria tão grave assim. Outros motivos, nem de longe considerados por analistas, podem muito bem ter sido o estopim, que fez explodir a votação no Trump. Não se trata de nada novo, porém fenômeno em crescimento, há alguns anos, que juntou mais forças nestas eleições, justamente na chamada maior democracia. Partidos políticos e respectivos membros estão em descrédito em todo o mundo. Havendo oportunidade, ou seja, um candidato desvinculado do sistema instalado, o eleitorado deixa de votar nos carreiristas. Pode estar aí a explicação. Bem perto daqui, o prefeito eleito de Belo Horizonte confirma a tese. Sem nunca ter feito política partidária, venceu o pleito mediante filiação a um partido nanico, de cuja sede desconhecia o endereço, segundo ele próprio. Eleito, garante romper com o partido, se o amolarem, diz ele.

Partidos políticos já fizeram mal demais à humanidade!

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