Prefeituras e empresas devem se preparar para a recessão

18 de Dezembro de 2014
Jornal O Liberal

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Mauro Werkema

A perspectiva de baixo crescimento da economia brasileira em 2015 impõe aos administradores públicos, como também às empresas mais diretamente atingidas pela redução do nível de atividades econômicas, atitudes novas e adequadas a nova realidade. A estratégia de ação do Governo Federal, com a nova equipe econômica, está lançada e pressupõe, fundamentalmente, um controle dos gastos públicos, combate à inflação e estímulos diversos para a retomada do crescimento. Mas, mesmo com o sucesso pleno destas medidas, a previsão é que teremos uma recuperação lenta e gradual, assim como está ocorrendo nos principais países europeus e na Ásia e mesmo na China, que também reduziu seu ritmo de crescimento, com implicações diretas na expansão econômica brasileira.

Resta, no entanto, com ampla concordância entre os analistas, seja qual for a escola de pensamento econômico, se conservadora ou com mais visão social e distributivista, a previsão de que o Brasil não poderá deixar de investir na inclusão social, reduzindo os graves desníveis pessoais e regionais de renda, mantendo as conquistas dos últimos anos e que levaram cerca de 40 milhões de brasileiros a uma melhoria de qualidade de vida. Reside nesta questão a visão e a criatividade que devem ter os administradores públicos, que precisam adequar seus orçamentos para os setores sociais, evitando que áreas como saúde pública, habitação, emprego, condições de vida urbana, sejam muito atingidos pela recessão. Remanejar programas, com ousadia e sem arcaísmo, promover controle de gastos, definir prioridades e atuar no controle de resultados, parecem ser atitudes fundamentais neste 2015.

A redução das atividades econômicas atinge diretamente a Região dos Inconfidentes, especialmente pela queda do preço do minério de ferro, que caiu 50% nos últimos meses, fazendo com que a receita da Contribuição Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) que é o royalty pago às Prefeituras, caia em percentual igual. O preço do minério é dependente do mercado internacional e não só da China, que reduziu suas importações e as perspectivas são de que a recuperação dos países importadores não se fará rapidamente. As transferências do Tesouro Nacional aos municípios caiu muito também nos últimos seis meses e certamente se manterá nestes níveis com a redução das atividades econômicas e das receitas fiscais, embora o Governo Federal, pressionado pelo Congresso Nacional, acene com medidas de melhor alocação de recursos para o Fundo de Participação dos Municípios.

Questões como redirecionar investimentos, atuar mais nas áreas de resultantes sociais, qualificar quadros gerenciais e maior garantia de retorno dos gastos, são comuns a empresas e gestores públicos. As mineradoras da Região dos Inconfidentes precisam aprofundar o diálogo construtivo com as prefeituras e as comunidades na busca de programas sociais como também na redução do impacto da atividade mineradora. É fato que nos nossos dias o bom relacionamento com as comunidades em que estão inseridas é fator de sustentabilidade das empresas. Expande-se o conceito de cidadania, as comunidades estão mais organizadas e com maior consciência de direitos e de seu papel social nas demandas coletivas.

É na crise que se buscam novas soluções e maior eficiência. As Prefeituras ainda tem muita ineficiência e não só na gestão dos recursos. Falta planejamento que indique prioridades e avalie resultados. E ainda estão longe dos controles propiciados hoje pela extraordinária evolução da informática. Se a recessão brasileira se aprofundar, no contexto das medidas de contenção financeira, e se o retorno do crescimento econômico for mais demorado, é certo que as prefeituras da Região sofrerão mais diretamente o impacto desta nova realidade. Precisam, então, estar preparadas para esta travessia e, aproveitando-a, que realizem as mudanças necessárias, com as transformações que, na verdade, já se mostram necessárias há bastante tempo. Enfim, é possível que a Região dos Inconfidentes seja bastante atingida com a retração econômica, e não só pela menor atividade da mineração mas também pelo menor impacto do turismo.

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