Prevalência do ilegal

09 de Dezembro de 2011
Nylton Gomes Batista

Nylton Gomes Batista

Na mesma linha de pensamento do texto publicado na edição passada faço considerações em torno de fatos em curso ou episódios, que marcam a vida da coletividade, embora esta nem de longe contribua para decisões contrárias às suas aspirações. Nada faz, diretamente, para merecer, porém, é refém de minorias que tudo podem, tudo fazem e nada lhes acontece em resposta e na mesma proporção da ofensa causada à sociedade.

Depois de preso por bom tempo em presídios, ditos de segurança máxima, em vários pontos do país, mobilizando caríssimos esquemas de segurança em suas viagens forçadas daqui para ali e para acolá, descobre-se que bandido continua ou, pelo menos, continuava a comandar o crime cá fora, movimentando, em bancos, quantias que se contam aos milhões. Recuso-me a citar seu nome ou apelido, por já ser bastante conhecido e bandido não merecer publicidade, embora a mídia lhe reserve mais espaço que a benfeitores, esquecendo-se que ele é causa de muitas vidas desgraçadas, no caminho do vício e da violência. Que não se confunda esta com aquela da Polícia Militar, no tocante à divulgação de ocorrências criminosas em que os agentes destas são protegidos pela omissão de seus nomes. Aqui é para não fazer mais publicidade de quem não merece. Esse indivíduo, por tudo que fez e ainda faz, merece ficar esquecido na prisão, ocupado com trabalho produtivo, que pague pelo menos a comida que lhe dão.

Que governos temos, que não são capazes de conter a ação e influência nefastas de criminosos, ainda que, presumidamente, contidos atrás das grades? Que pena é essa que ele, supostamente (expressão muito em moda) paga à sociedade, se ao sair da prisão poderá ter amealhado mais dinheiro de quando em liberdade, tudo à custa da desgraça alheia? Que segurança é essa que não salvaguarda a sociedade contra a ação de criminosos, nem quando trancafiados? Não basta ao cidadão a insegurança diante da bandidagem solta? Estão a brincar com a sociedade, fingindo que prendem e penalizam seus inimigos!

E ao falar em penas que compensem estripulias, para não dizer crimes, cometidas por políticos, vem à baila o caso dos dois vereadores, em Belo Horizonte, acusados de receber propina em troca da aprovação, no Legislativo Municipal, de projeto de interesse comercial. A Justiça afastou os dois de suas atividades na Câmara, por sessenta dias, como punição pelo ato corrupto. Acontece que os dois pilantras estão dispensados apenas de “trabalhar”, mas não perdem a remuneração pelo cargo. São dois meses de malandragem remunerada. Isso é punição ou premiação? Quero ver trabalhador comum, depois de armar mutreta no emprego, ser suspenso por um dia sem perda no salário! É a roda da vida política em terras tupiniquins. Voto comprado por tostão, político vende por milhão! E é bom pensar a respeito, pois o próximo é ano de pleito!

Por essas e outras que, no governo, ao se agarrar a uma teta, ainda que a convite por conveniências partidárias, há quem diga não largá-la “nem à bala”. Refestelados em gabinetes da República julgam-se com direito adquirido sobre o cargo que lhe dão, não porque merecem, mas em razão das jogadas no tabuleiro do xadrez político. Nem se pejam se comparados a políticos mais éticos, fora de nossas fronteiras, onde se entrega o cargo tão logo se veem nus, em razão de derrapagens menos honestas. Lá, a retirada por vergonha; cá, a permanência sob arrogância! Além de tudo, punição não há, nem mesmo cobrados e devolvidos valores desviados, quando não surrupiados! Para os de costas quentes, o crime compensa. A sustentar o aqui dito, veja-se o caso do “empresário” das malas de dinheiro, mola mestra do esquema do “mensalão”, novamente apanhado em tretas e mutretas para levantar dinheiro no sistema financeiro. Longe de provocar-lhe vergonha, a exposição de seu nome e imagem, envolvidos naquele lamaçal, deu-lhe forças para continuar no mesmo caminho. Nas mãos da polícia fica um pouco, para alimentar páginas de jornais, movimentar televisão, e, também por tretas e mutretas legais, logo estará liberado. A impunidade garante a continuidade na senda do crime!

E por falar em impunidade, esta poderá começar cedo no Brasil, por lei federal e intrometida nos assuntos domésticos, que quer proibir aos pais a aplicação de palmadas educativas nos filhos. Intrometida por ser a educação prerrogativa dos pais e por violar a relação ofensa/reação, que procura restabelecer o equilíbrio da autoridade ou força maior do tutor sobre o tutelado, fenômeno observado até na natureza. Para tudo há compensação e, por isso, se diz que não há almoço de graça. E na natureza, isso se processa de forma imparcial: se coloca o dedinho sobre a chama da vela o bebê sofre queimadura! Dentro da espécie humana grande é a diversidade de tipos, em todos os sentidos, havendo os que assimilam o ensinamento ouvindo, mas, ao mesmo tempo, aqueles que só aprendem mediante reação às suas infrações. O governo talvez ainda pretenda ditar leis para o comportamento do sol!

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