Na mesma linha de pensamento do texto publicado na edição passada faço considerações em torno de fatos em curso ou episódios, que marcam a vida da coletividade, embora esta nem de longe contribua para decisões contrárias às suas aspirações. Nada faz, diretamente, para merecer, porém, é refém de minorias que tudo podem, tudo fazem e nada lhes acontece em resposta e na mesma proporção da ofensa causada à sociedade.
Depois de preso por bom tempo em presídios, ditos de segurança máxima, em vários pontos do país, mobilizando caríssimos esquemas de segurança em suas viagens forçadas daqui para ali e para acolá, descobre-se que bandido continua ou, pelo menos, continuava a comandar o crime cá fora, movimentando, em bancos, quantias que se contam aos milhões. Recuso-me a citar seu nome ou apelido, por já ser bastante conhecido e bandido não merecer publicidade, embora a mídia lhe reserve mais espaço que a benfeitores, esquecendo-se que ele é causa de muitas vidas desgraçadas, no caminho do vício e da violência. Que não se confunda esta com aquela da Polícia Militar, no tocante à divulgação de ocorrências criminosas em que os agentes destas são protegidos pela omissão de seus nomes. Aqui é para não fazer mais publicidade de quem não merece. Esse indivíduo, por tudo que fez e ainda faz, merece ficar esquecido na prisão, ocupado com trabalho produtivo, que pague pelo menos a comida que lhe dão.
Que governos temos, que não são capazes de conter a ação e influência nefastas de criminosos, ainda que, presumidamente, contidos atrás das grades? Que pena é essa que ele, supostamente (expressão muito em moda) paga à sociedade, se ao sair da prisão poderá ter amealhado mais dinheiro de quando em liberdade, tudo à custa da desgraça alheia? Que segurança é essa que não salvaguarda a sociedade contra a ação de criminosos, nem quando trancafiados? Não basta ao cidadão a insegurança diante da bandidagem solta? Estão a brincar com a sociedade, fingindo que prendem e penalizam seus inimigos!
E ao falar em penas que compensem estripulias, para não dizer crimes, cometidas por políticos, vem à baila o caso dos dois vereadores, em Belo Horizonte, acusados de receber propina em troca da aprovação, no Legislativo Municipal, de projeto de interesse comercial. A Justiça afastou os dois de suas atividades na Câmara, por sessenta dias, como punição pelo ato corrupto. Acontece que os dois pilantras estão dispensados apenas de “trabalhar”, mas não perdem a remuneração pelo cargo. São dois meses de malandragem remunerada. Isso é punição ou premiação? Quero ver trabalhador comum, depois de armar mutreta no emprego, ser suspenso por um dia sem perda no salário! É a roda da vida política em terras tupiniquins. Voto comprado por tostão, político vende por milhão! E é bom pensar a respeito, pois o próximo é ano de pleito!
Por essas e outras que, no governo, ao se agarrar a uma teta, ainda que a convite por conveniências partidárias, há quem diga não largá-la “nem à bala”. Refestelados em gabinetes da República julgam-se com direito adquirido sobre o cargo que lhe dão, não porque merecem, mas em razão das jogadas no tabuleiro do xadrez político. Nem se pejam se comparados a políticos mais éticos, fora de nossas fronteiras, onde se entrega o cargo tão logo se veem nus, em razão de derrapagens menos honestas. Lá, a retirada por vergonha; cá, a permanência sob arrogância! Além de tudo, punição não há, nem mesmo cobrados e devolvidos valores desviados, quando não surrupiados! Para os de costas quentes, o crime compensa. A sustentar o aqui dito, veja-se o caso do “empresário” das malas de dinheiro, mola mestra do esquema do “mensalão”, novamente apanhado em tretas e mutretas para levantar dinheiro no sistema financeiro. Longe de provocar-lhe vergonha, a exposição de seu nome e imagem, envolvidos naquele lamaçal, deu-lhe forças para continuar no mesmo caminho. Nas mãos da polícia fica um pouco, para alimentar páginas de jornais, movimentar televisão, e, também por tretas e mutretas legais, logo estará liberado. A impunidade garante a continuidade na senda do crime!
E por falar em impunidade, esta poderá começar cedo no Brasil, por lei federal e intrometida nos assuntos domésticos, que quer proibir aos pais a aplicação de palmadas educativas nos filhos. Intrometida por ser a educação prerrogativa dos pais e por violar a relação ofensa/reação, que procura restabelecer o equilíbrio da autoridade ou força maior do tutor sobre o tutelado, fenômeno observado até na natureza. Para tudo há compensação e, por isso, se diz que não há almoço de graça. E na natureza, isso se processa de forma imparcial: se coloca o dedinho sobre a chama da vela o bebê sofre queimadura! Dentro da espécie humana grande é a diversidade de tipos, em todos os sentidos, havendo os que assimilam o ensinamento ouvindo, mas, ao mesmo tempo, aqueles que só aprendem mediante reação às suas infrações. O governo talvez ainda pretenda ditar leis para o comportamento do sol!