Pujança que anestesia

10 de Janeiro de 2011
Jornal O Liberal

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Repentinamente, a mídia está tomada por prognósticos positivos sobre a economia brasileira. Não somos mais o país do futuro, dizem, mas do presente. Teremos Copa do Mundo, Olimpíadas, nossa classe C movimenta mais que a A e B e juntas, todo mundo tem geladeira, micro-ondas, celular, TV 40” e quiçá, carro na garagem. E quem não tem, vai ter.

É um paradoxo, no entanto, pois nosso patrimônio material, agora caminhando para um melhor distribuição, ou assim se acredita, ainda não reflete numa melhor distribuição do capital cultural, no qual a educação de qualidade se insere.

E é precisamente por causa de um tipo de comodismo induzido, que encontra eco na política do pão e circo, ainda que agora o pão seja mais farto, que eventos como o aumento salarial de nossos legisladores, ainda que aviltante, a muitos soa menos iníquo do que é de fato.

E esse é só um exemplo. As mazelas sociais, as mazelas culturais brasileiras, não vão se resolver simplesmente se os mais pobres forem todos ‘classe econômica C’. De fato, todo o poder econômico do mundo, sem uma estrutura educacional, moral e cultural por trás, é apenas um castelo de areia, que não deixa qualquer legado imaterial. Infelizmente, o oportunismo de grande parte da classe política brasileira atrasa o futuro de nosso país, que na verdade, ainda não chegou, é apenas um vislumbre.

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