Quando o pecado é fugir do carnaval

23 de Fevereiro de 2018
Jornal O Liberal

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Chefes do Executivo, nos três patamares, já foram alvos de críticas por estarem em viagem durante momentos de comoção coletiva, em decorrência de perdas, humanas e materiais, na ocorrência de fenômenos naturais (não existem “tragédias”, “desastres” ou “catástrofes” naturais, como se apregoa por aí) de grande magnitude. Preveem-se chuvas, por exemplo, com grande antecedência, mas não se pode prever o que elas podem causar. Daí o exagero das críticas à autoridade ausente nessas ocasiões. Mas estar ausente durante grande evento, de nível internacional, a envolver praticamente toda a população local, programado para data fixa no calendário lunar (terça-feira de carnaval é o 47º dia, em contagem regressiva a partir do domingo de Páscoa, situado dentro da primeira fase de lua cheia após o início do outono (Hemisfério Sul) e primavera (Hemisfério Norte), caindo o carnaval, portanto, sempre na fase da lua nova) é falta de responsabilidade. A ausência do prefeito do Rio de Janeiro, em viagem à Europa, durante o carnaval 2018, foi um menosprezo à sua condição de autoridade máxima do município, desprezo à população e tradições seculares da cidade, além de soberba em relação ao gosto da mesma população, tendo como base sua fé pessoal e condição de autoridade religiosa. Acrescente-se como agravante a tenebrosa insegurança pública, sobretudo durante grandes eventos. Se o prefeito pensava fugir do pecado, maior pecado cometeu ao abandonar seus munícipes por se sentir, com base em sua fé religiosa, superior à população foliã do Rio de Janeiro! Autoridade pública não pode misturar sua fé religiosa (qualquer que seja) com seus deveres de autoridade. Quis o destino que a ausência do prefeito fosse mais desastrosa, para sua condição, quando o município entrou em estado de crise, em decorrência do grande temporal, ocorrido dois dias depois do carnaval oficial. Sua soberba impediu que, naqueles momentos de medo, angústia, desespero e luto, a população carioca tivesse por perto sua maior autoridade.

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