Quem é o criminoso neste país?

02 de Fevereiro de 2015
Jornal O Liberal

Jornal O Liberal

O crime é mesmo a nota dominante neste país grande, bobo e irresponsável, valores e direitos são invertidos, detrimento da organização da sociedade. Mais seguro está o bandido, em sua sanha violenta, sanguinária, em aberto confronto com a lei, do que o cidadão trabalhador, honesto, cumpridor de seus deveres. O primeiro comete série de crimes e se, eventualmente, apanhado pela Justiça, pode receber pena que, mediante recursos e benefícios previstos em lei, resulta em quase nada diante do crime cometido; o segundo se apanhado por furto de uma bugiganga pode acabar na cadeia e lá mofar por muito tempo. Pelos direitos dos criminosos levantam-se entidades protetoras, enquanto das vítimas ninguém se lembra. Tempo houve em que se dizia que “o crime não compensa”, bordão sobre o qual programa radiofônico relatava episódios com desfechos em penas máximas de reclusão, sob regime de trabalho. O crime não mesmo compensava, porque além do que a lei lhe impunha, o criminoso perdia seu espaço na sociedade, que não mais o olhava com os mesmos olhos. No caso do “Petrolão” (nome típico da mania de grandeza tupiniquim, até no crime) chegou-se a aventar a hipótese de, além de pena reduzida por força do acordo de delação premiada, remunerar o doleiro envolvido, com pagamento em dinheiro. Só mesmo em país desclassificado moralmente, proposição como essa chega a ser cogitada. Se aceita e aprovada, daria ao criminoso o direito de levar dois por cento (calcula-se algo em torno de dois milhões de reais) de toda a soma recuperada por meio de informações repassadas por si. Seria o fim da picada e a confirmação oficial de que, neste país, o crime compensa, e nada mais falte para que honestidade e corrupção se invertam na escala de valores. A recompensa na delação remunerada, em torno de dois milhões de reais, seria o equivalente a duzentos e onze de trabalho, ou seja, trinta e cinco anos de trabalho de seis trabalhadores remunerados com salário mínimo. Para quem não tem moral e escrúpulos, o crime compensa sim!

Diante da crise hídrica, verdades vêm à tona

Diante da natureza, gestores públicos incompetentes e da pressão pela economia doméstica, surge um dado que faz parecer que estamos a enxugar gelo (quem dera estivéssemos mesmo!) no que se trata da questão hídrica nacional e mundial: estudos divulgados recentemente apontam que do total de água doce utilizável em toda a Terra, que é apenas 0,3% da reserva aquífera total, 70% vão para irrigação (agricultura) 20% para a indústria, e entre 4% e 10% para o consumo doméstico. Está claro que a solução para o problema não passa, nem de longe, pela torneira esquecida vazando (ainda que seja muito importante essa economia, para o micro-contexto). Mais uma vez, é a educação que também faz muita falta. Países como Israel, desértico e vítima da belicosidade vizinha, tirou de sua sina as forças para encontrar novas tecnologias, como o gotejamento (que usa apenas o estritamente necessário na agricultura) e que possui três das quatro usinas dessalinizadoras do planeta. Enquanto isso, no Brasil, desmatamos a Amazônia e deseducamos nosso povo. O futuro não se revela promissor.
Comments powered by Disqus

Newsletter

Acompanhe-nos

Encontre-nos no Facebook