Relatório policial mostra a liberalidade estudantil

09 de Dezembro de 2012
Jornal O Liberal

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Mauro Werkema

Circula nos órgãos policiais do Estado, como também nos organismos de cultura e turismo, um relatório sobre a situação de Ouro Preto com relação ao tráfico de drogas e às orgias nas repúblicas estudantis. O relatório, elaborado por serviço reservado policial, retrata um quadro de liberalidade total, para não dizer libertinagem, sem limites ou controles, a não ser reprimendas ocacionais que não produzem resultados nem conseguem alterar as situações de promiscuidade, uso de drogas, corrupção de jovens, desvio de finalidades das próprias “repúblicas”, festas extraordinárias em vários aspectos, uso extremado de bebidas e muito mais. Enfim, o quadro entre dramático e inusitado revelador de grave desvio social, com conseqüências imprevisíveis, e sem controle no momento.

O relatório afirma que a população estudantil em Ouro Preto, como também em Mariana, que começa a sofrer os mesmos problemas, aumentou em oito mil pessoas nos últimos anos, entre alunos, professores e funcionários administrativos, em decorrência da expansão das vagas universitárias e abertura de novos cursos, sem que se tenha providenciado moradias. Os estudantes se acotovelam em moradias improvisadas, em situações inadequadas de convivência e até impróprias para o estudo. E conclui que este quadro, de desvio de função das “repúblicas”, não tem enfrentado, infelizmente, reprimenda ou controle por parte da Universidade ou dos organismos que deveriam oferecer alguma ação de acompanhamento e avaliação.

A Universidade não tem vontade, não oferece ação de controle, o Ministério Público já tentou, conseguiu um Termo de Ajuste de Conduta que funcionou por dois ou três meses, a ação policial enfrenta dificuldades para realizar ações de repressão nas “repúblicas”, mesmo quando é claro o desrespeito à lei. A Prefeitura já chegou a desapropriar uma “república”, ao lado da Igreja do Pilar, por desrespeito às comemorações religiosas. A Câmara de Vereadores já tentou colocar limites, mas tudo se torna inócuo. Os estudantes acabam inteiramente livres e intocáveis. Afirma o relatório que o confronto com a população, especialmente de Ouro Preto, é grande, a sociedade condena e reclama a cada semana da conduta de estudantes e suas festas, mas nada é feito. O conflito é latente e se expande, e é muito possível que agressões ocorram de forma mais grave e violenta.

São lembradas situações de extremo agravamento, como o Carnaval, em que Ouro Preto recebe até 30 mil pessoas, ou da tradicional festa do “12 de outubro”, aniversário da Escola de Minas, que voltou a receber muitas pessoas que nada têm com a data. E as “repúblicas”, que antes recebiam ex-alunos e seus familiares, hoje se transformaram em hotéis, com boates, restaurantes, venda de bebidas e até drogas. A promiscuidade se amplia e algumas festas chegam a durar por toda a noite, avançando pelo dia, sem limites para a orgia e os sons. As “repúblicas” particulares, hoje perto de duas centenas em Ouro Preto, são apontadas hoje como as mais perturbadoras do sossego público.

As últimas ocorrências criminais em Ouro Preto são lembradas: o assassinato da advogada Valmeire, sem esclarecimento, da estudante Aline, também sem elucidação, entre outros. E a morte recente de estudantes, por excesso de bebida. E o ex-prefeito de Mariana, João Ramos? Afinal, quem matou ou mandou? Daí, conclui-se que Ouro Preto, como também Mariana, tornaram-se cidades onde o tráfico de drogas e a criminalidade tornou-se quase livre. Aumenta também a prostituição, entre outras questões correlatas. O que fazer? O relatório afirma que será necessária ação ampla, envolvendo vários órgãos públicos, do município, do Estado e do Governo Federal, inclusive o Poder Judiciário. E com uma ação mais efetiva da Universidade, que não pode continuar desconhecendo esta situação que, com certeza, influi no próprio rendimento escolar. Enfim, a questão é grave, a exigir posicionamento urgente, como concluem os organismos policiais, com apoio das instituições de turismo e cultura, também preocupadas com este quadro de dissonância social e humana.

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