Rótulo não é superior ao conteúdo

29 de Abril de 2014

Jornal O Liberal

No início, Deus fez o céu e a terra, depois veio o homem e bagunçou a coisa toda. O mesmo se repete, em escala humana na realização dos atos externos da Semana Santa, em Ouro Preto. No início, prevalecia a religiosidade como responsável pelas manifestações, representativas dos pontos de fé. Ao longo do tempo, outros interesses se juntaram, para se converter em grande espetáculo de rua, o que antes era manifestação sóbria, carregada de respeito. Até que a suntuosidade e a configuração em espetáculo não seriam demais, se a interação de parte de parte do público, fotógrafos e cinegrafistas especialmente, não retardasse ainda mais as procissões, penalizando quem participa da encenação e rompendo o fluir normal do cortejo. Esquecem-se de que antes da atração turística existe o sentimento da fé, mais importante para a população religiosa, que deve ser respeitada. E, longe do aparato pomposo, cores brilhantes sob holofotes, a procissão da sexta-feira passou por trechos mergulhados na escuridão, sem qualquer ponto de iluminação pública, detalhe emblemático, se considerada a humildade do bairro. A coroar pontos negativos, não faltou grosseria de pseudoturista a classificar a cidade como favela e horrorosa, na qual se perdeu “seu feriado”; impressão e observação que deveriam ter sido guardadas para si, como direito seu de inculto, sem descambar para a má educação.