“Sujeita” é quem escreveu.

10 de Novembro de 2017
Valdete Braga

Valdete Braga

O Brasil inteiro acompanhou, estarrecido, o caso da jovem Kelly Cristina Cadamuro, cruelmente assassinada, esta semana. Há fatos que a gente precisa ver, ver, e rever, para acreditar que é verdade.

Li várias reportagens e crônicas sobre o assunto, algumas bem interessantes, com analogias que nos fazem parar e refletir. Se toda esta comoção tomou conta de pessoas do país inteiro, que nunca viram e sequer conheciam a vítima, o que dizer dos familiares e amigos? Não dá nem para imaginar o tamanho da revolta e da dor deles.

Dentre tudo o que li, um comentário me deixou quase tão chocada quanto o crime. Ao comentar sobre uma matéria do site do UOL, salvo engano, uma pessoa escreveu, literalmente: “mas também, a “sujeita” combina carona com desconhecidos pelo whatssap, esperava o que?”.

Quando li esta frase, não quis acreditar nela. Não é possível tamanha insensibilidade e, por que não dizer, crueldade. A jovem sofreu só Deus sabe o que, foi assassinada, e ainda aparece quem insinue que a culpa foi dela? É óbvio que não se deve combinar nada com desconhecidos via rede social, é óbvio que não se deve abrir a porta do carro para desconhecidos, mas, pelo amor de Deus, tentar justificar a barbárie jogando a culpa na vítima? O culpado é o assassino e a Kelly a vítima. Ponto final e nada vai mudar isto. Será que a pessoa que escreveu esta pérola não tem uma filha, irmã, mãe, amiga? Como podem inverterem valores a este ponto?

Quando vim escrever esta crônica, voltei ao site e o comentário não estava mais lá. Possivelmente alguém alertou a pessoa da crueldade de suas palavras e ela retirou, ou o próprio site excluiu, devido à enxurrada de respostas. Mas isso não vem ao caso. Um bandido condenado, foragido que não voltou após ter tido o “direito” de sair por indulto nem sei de que, com vários antecedentes criminais, planeja e executa um crime bárbaro e a culpa é da vítima? O que se passa pela cabeça de quem pensa assim? A “sujeita”. Meu Deus, o que as pessoas são capazes de fazer “protegidas” por uma tela de computador...

Gostaria de saber como ficam agora os pseudo defensores das “vítimas da sociedade”, que colocam todos no mesmo balaio e saem discursando sobre “desigualdade social” e justificando criminosos pela situação do país, da política, etc. Nada, nada, nada justifica o que este bandido fez.

O fato de ter dado carona não torna a jovem Kelly menos vítima nem seu algoz menos algoz. Se ela foi ingênua ao dar carona a um desconhecido, esta “comentarista” foi cruel e desumana. Que Deus tenha piedade dela e de pessoas que pensam como ela.

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