Tão Simples!

06 de Julho de 2012

Valdete Braga

Acordei, levantei-me, arrumei o meu quarto, lavei o banheiro e tomei o café da manhã. Em seguida, abri a casa e fui até o terreiro, sentindo o sol em meu rosto.

Parece tão simples e comum falando assim! Mas enquanto não nos vimos privados, não valorizamos essas coisas simples do dia-a-dia e que são tão importantes.

O simples ato de arrumar um quarto toma uma proporção que todos deveriam experimentar um dia. Por mais que a gente fale e acredite, só quando a gente vivencia entende o verdadeiro sentido de frases feitas que recebemos por e-mail ou lemos nos livros de auto-ajuda.

“Nas coisas mais simples estão os maiores valores da vida”, “agradeçamos a Deus todos os dias pela nossa saúde”, etc., deixam de ser frases de efeito e se tornam uma realidade maravilhosa. Quando a gente pára e pensa no milagre que é o simples ato de poder se levantar pela manhã e arrumar a nossa cama? Só quando somos privados é que vemos a importância do que fazemos no dia-a-dia mecanicamente e sem parar para analisar.

Olho as minhas mãos, os meus pés, o meu teto e entendo como eu tenho tanto na vida. Talvez pareça pieguisse, mas é a mais pura realidade. Quantas vezes, em momento de desespero, a gente diz “eu quero morrer” por questões tão pequenas e com isso acaba atraindo energias pesadas! Somente quando não podemos fazer, seja por qual motivo for, é que damos valor.

Uma pessoa me disse uma vez que eu deveria me aprofundar mais, falar de política e economia, porque os meus textos são “superficiais”. Essa pessoa não entende a importância desta suposta “superficialidade”. Política, economia, meio ambiente, são temas de necessária discussão, mas como faz falta às vezes nos desligarmos de tudo isso e pensarmos simplesmente no milagre que é estarmos aqui e agora, vivos e saudáveis.

Na utopia de todos fazermos isso, fico imaginando como o mundo seria melhor! Políticos seriam mais honestos, a ganância pelo dinheiro não existiria e teríamos um planeta infinitamente mais saudável.

Minhas mãos que durante meses só tremiam dobraram o cobertor pesado sem dificuldade, meus pés que só ficavam na cama com o resto do corpo caminharam livremente até o terreiro. E o café... ah, o café... que delícia, passado na hora, sem gosto de comida de hospital. Isso é maravilhoso e a gente não enxerga isto ao longo da vida

“A vida é uma benção” não é só uma frase de efeito. Como eu gostaria que cada ser humano entendesse isso! Preferencialmente sem precisar passar pelo que passei, mas sem isso é difícil. A gente é tão pequeno que ganha tudo de graça e ainda reclama. A gente tem saúde, tem um teto a nos proteger, tem um emprego, amigos, e ainda reclama e reclama. Até que a vida dá uma guinada e nos obriga a enxergar o óbvio: é preciso tão pouco para sermos felizes!