Tupi Costa Coelho, oficial de cartório (1933-1982)

03 de Novembro de 2013
João de Carvalho

João de Carvalho

UM grande amigo de Tupi, em Cachoeira do Campo, na Escola Dom Bosco, foi Francisco Gonçalves, nos idos anos de 1922 a 1925. O edifício deste educandário é um antigo quartel do tempo do Império. Guarda ainda, nas linhas arquitetônicas, seu aspecto colonial e conserva, na fachada, um brasão das armas imperiais e, no meio do pátio, uma estátua da virgem Maria Auxiliadora, rodeada de água, com vários e vistosos peixes. Quem tomava conta dos alunos, rezam as tradições, era o irmão coadjutor, João Floresta. Seu diretor era o padre Carlos Pereto, e seu professor de declamação era o coadjutor Fontoura. Tupi, aluno salesiano, se mostrava admirador do colega Francisco Gonçalves, a quem considerava como anjo de virtude e quase um irmão ginasiano. Eu, como ex-aluno, em São João del-Rei, no Colégio Dom Bosco, anos mais tarde, final da década de quarenta, tive o privilégio de ter como diretor o Padre Francisco Gonçalves. Terminados seus estudos, Tupi se tornou, em Itabirito, Oficial do Registro Civil das pessoas naturais do Município, 1933/1982, sempre um dirigente competente e prestando excelente atendimento. Aqui, criou sua família, com honra e honestidade. Seu escritório era na parte térrea do Fórum, desembargador Edmundo Lins, à direita da escadaria, que leva ao segundo andar. Homem alegre, contador de histórias e estórias, estava sempre aberto e atento às suas atividades escriturárias. Era conhecido por todos os itabiritenses, seus conterrâneos, seja pela função cartorária que exercia, seja pela facilidade de comunicação que praticava, com grande naturalidade.

Nos finais de semana, dirigia-se para uma relaxante casa de campo, que possuía no bairro Munu; hoje, amplamente habitado. Nas suas múltiplas atividades oficiais, apreciava contar causos e participar das brincadeiras que, Benjamin José da Silva, o famoso e inesquecível Bejinho, chefe do Cartório de processamentos criminais, aprontava, jocosamente, no Fórum. Era ele um verdadeiro mestre da descontração, em ambiente tenso de responsabilidades! Tupi Costa Coelho (1910-2003) foi também presidente da Liga Amadora de Futebol de Itabirito, ou seja, a antiga LAFI, deixando atrás de si um grande número de amigos(as) e admiradores, assim como uma família responsável e respeitada, cujos filhos honram sua preciosa e sempre lembrada vida em Itabirito. Francisco Gonçalves, seu ex-colega, em Cachoeira do Campo, que faleceu com odores de santidade, em São João del-Rei, fazia menções elogiosas sobre todos os colegas ginasianos, com destaque especial para Tupi, procedente de Itabirito.

Francisco, um sacerdote de escol, teve sua carta mortuária escrita por Dom Orlando Chaves, então bispo de Corumbá, Estado de Mato Grosso. Lembro-me também do Padre Ralfy Mendes de Oliveira, meu estimado professor de filosofia, que escreveu a biografia do Padre Francisco, em 1951, cujo conteúdo eu li, como colegial, admirador do Padre Francisco, este meu primeiro diretor.

Tupi, formado na mesma escola salesiana de Cachoeira do Campo, soube admirar- lhe as virtudes, desfrutar belos exemplos, com seu coleguismo são e santo, com sua virtude esportiva, seus estudos e suas diversões, durante os recreios cheios de diversas modalidades de jogos, com conversas animadas e edificantes. A vida, destes dois amigos da adolescência, foi plena de harmonia, admiração e coleguismo. Agora, unidos no tempo e na eternidade. Saudade de ambos! Na sua maturidade profissional e vital, Tupi se revelou um grande amante dos animais, especialmente do cavalo, que sabia tratá-lo, arriá-lo, montá-lo e desfrutar das pequenas e diárias cavalgadas, nas regiões do bairro Munu, na terra dos Aredes!

Lembrar de Tupi é voltar ao tempo de sua dedicação diária, aos registros, nas páginas forenses cartoriais, de milhares de pessoas itabiritenses das quais registrou o nascimento, o casamento, os óbitos, interdições e outras decisões judiciais. Isto realizava sempre com presteza, simpatia e largo sorriso amigo. Diz um provérbio que só se avalia um grande bem, depois de perdido. Só se dimensiona o tamanho de uma árvore gigante, depois que ela tomba ao solo. Hoje, reverencio, com carinho, esta gigante árvore da vida humana.

Aos familiares de Tupi Costa Coelho, estendo esta homenagem póstuma, com grande respeito e veneração, pela simpática e alegre figura humana, que foi este notável Oficial do Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais da cidade e dos distritos de Itabirito.

Comments powered by Disqus

Newsletter

Acompanhe-nos

Encontre-nos no Facebook