Tupiniquins sob os olhos do mundo

22 de Julho de 2016
Nylton Gomes Batista

Nylton Gomes Batista

Dentro de alguns dias, de todo o mundo, atenções e olhares curiosos estarão voltados ao Brasil, este gigante, bobo e irresponsável, onde estarão a se realizar os jogos olímpicos que, ainda desta vez, deveriam ter outro país como sede, se políticos tupiniquins tivessem mais juízo. Em assim sendo e como parece ser mesmo brasileiro, que Deus continue a tomar conta, pois de outra forma essa coisa já teria fechado as portas, tão grande é a confusão a reinar em setores, ditos responsáveis pela vida da nação.

Assim como nos filmes de gangster, os antigos comparsas de crimes já arreganham dentes, mutuamente, frustrados com o infeliz desfecho, só não podendo ir para o onde aqueles filmes apontam como escapamento à prisão, pois já estão dentro do próprio. O cinema já tem destino predefinido para personagens bandidos dos filmes. Consumado o crime programado pela produção, Let's go to Rio (vamos para o Rio) é o que decidem bandidos, no planejamento de fuga, mesmo destino escolhido por políticos, depois de estripulias em seus países de origem. Assim pode-se dizer que o Brasil é a latrina do mundo!

Se de longa data detém a fama de terra sem lei, muito mais razão, agora, têm gringos de criticar este país, enlameado pela corrupção de grosso calibre a envolver cidadãos de alta linhagem. Felizmente, a consolar cidadãos locais, cuja indignação resvala para a vergonha de ter como patrícios os apanhados nas malhas da Lei, agentes desta realizam o trabalho há muito aguardado por quem ainda tinha esperança. Afora essa infeliz característica e, naturalmente, os jogos olímpicos, este país, visto como exótico, chama atenção da curiosidade estrangeira por suas peculiaridades como as monumentais e superfaturadas obras, construídas para a Copa do Mundo 2014 e para os Jogos do Rio 2016 (olimpíadas). Suntuosas e mal aproveitadas depois do evento de 2014, que as originou, contracenam com pacientes deitados no chão de hospitais públicos; com os mesmos hospitais desaparelhados para seu funcionamento; com escolas públicas desassistidas e corpo docente mal formado e mal remunerado; com cerca de onze milhões de desempregados em decorrência de uma grave crise econômica com raízes na corrupção endêmica e governos incompetentes ou irresponsáveis. Por sua localização em pontos com forte demanda, talvez as construções específicas das olimpíadas tenham melhor aproveitamento, passados o evento.

Enquanto tudo isso acontece, enaltece-se o futebol, ainda que capenga, cuja má influência na formação de uma consciência cidadã, teria feito Karl Marx dizer que “futebol é o ópio do povo” em lugar de “a religião é o ópio do povo”; ele não conheceu o futebol como hoje se conhece. Sob a bandeira do turismo, mal entendido, mal gerenciado e explorado às últimas consequências por gananciosos, promove-se com o dinheiro público o carnaval, outrora realizado pelo povo, com o povo e para o povo. No nível do povo, trabalha-se muito quando há vagas disponíveis, pagam-se mais impostos que qualquer outro país, e, para não estarem seus olhos e ouvidos voltados à triste e imoral realidade, reinante nas altas esferas político-administrativas, manipula-se a opinião pública e se embala o povo com um ufanismo besta, baseado na euforia dos estádios e sambódromos! De passagem, registre-se o fato de os estádios de futebol terem sido rebatizados para “arena”, a partir da Copa do Mundo 2014. Faz sentido, pois o ambiente de extrema violência neles, ou deles próximo, faz lembrar o Coliseu de Roma, em cuja arena matavam-se entre si os gladiadores e, aos leões, eram lançados os cristãos.

Como se não bastante o contrassenso habitual na vida nacional, que admitiu os dois megaeventos internacionais em momento tão difícil para o povo, lá de fora, a loucura humana, configurada na matança indiscriminada de pessoas inocentes, pode ser outra ameaça ao modo de vida brasileiro. Sempre solícito na recepção a estrangeiros, em contraposição a situações não poucas vezes vividas no exterior, o brasileiro pode sofrer o constrangimento de ter visitantes maltratados por forças fora de seu controle. Infelizmente, prevenção apenas alivia a consciência, porque se evitasse, de fato, outras partes do mundo não seriam alvo do terrorismo, selvagem e cruel por si próprio, porém agravado nas atuais circunstâncias, por não escolher as vítimas. Minoritários, em qualquer tempo e lugar, seus agentes tentam impor, à maioria, ideias políticas, por meio do sofrimento sangrento aos que em nada contribuem para situação, que os mesmos terroristas dizem combater.

Espera-se que consequências de erros políticos internos não sejam agravadas pela insanidade de quantos se valem, em qualquer lugar, da bandeira política e da religião para matar inocentes!

Comments powered by Disqus

Newsletter

Acompanhe-nos

Encontre-nos no Facebook