Turismo requer propostas e muita competitividade

26 de Outubro de 2014
Jornal O Liberal

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Mauro Werkema

Ouro Preto e Mariana, cidades históricas de maior renome, assim como Itabirito, hoje uma cidade com forte prosperidade econômica, as três colocadas ao longo da Br-356, na chamada Região dos Inconfidentes, tem uma dupla condição ou expectativa com relação a Belo Horizonte, de que são próximas. Beneficiam-se desta proximidade, seja quanto à emissão de visitantes/turistas, seja quanto a facilidades sócio-econômicas e de serviços e negócios. Mas também sofrem a concorrência do centro urbano maior, aglutinador de visitantes e gerador de uma competitividade nos negócios em geral, especialmente na área do turismo. Esta é a dupla sensação destas cidades, que é permanentemente exteriorizada como fator que, em alguns casos, impediria um desenvolvimento maior de algumas atividades.

É, portanto, nos nossos dias, ambíguo o sentimento destas cidades com relação a Belo Horizonte. Positivo em alguns setores ou segmentos mas negativo em outros, gerando uma ambivalência que comumente aparece nos discursos, especialmente na área de turismo. As avaliações e opiniões divergem mas o importante, senão oportuno, é que a questão seja discutida nos seus diversos aspectos, fazendo avançar seu diagnóstico e, esperamos, possa fazer avançar ações que contribuam para sanar aspectos negativos.

O exemplo maior, como já dissemos, vem da atividade turística. A reclamação é que a proximidade com Belo Horizonte faz com que os visitantes não permaneçam nas cidades, vindo pela manhã, percorrendo os atrativos turísticos e culturais, almoçando e retornando a Belo Horizonte. Não pernoitam e, de uma maneira geral, sobretudo quando em excursões, já têm roteiros pré-determinados, trazem guias de fora, com refeições negociadas. Alega-se, como exemplo maior, o ocorrido na Copa do Mundo, em que principalmente Ouro Preto recebeu dezenas de visitantes de todo o mundo, vindo pela fama interacional da cidade Patrimônio Cultural da Humanidade, mas que poucos, muito poucos, passaram uma noite. Mas ouvimos também muitas reclamações quanto ao atendimento a visitantes especiais, especialmente jornalistas internacionais.

É importante, nesta discussão, lembrar que uma lei natural do turismo é que um destino, qualquer que seja, é desejado pelos seus atrativos e pela cadeia de serviços, incluindo as diversas ofertas que possam motivar a permanência do visitante por mais tempo. Estas cidades, especialmente Ouro Preto e Mariana, tem um rico patrimônio histórico e artístico mas precisam ampliar a oferta de atrativos para os visitantes, motivando-os a permanecer e não voltar a Belo Horizonte, cidade que vem se preparando, nos últimos anos, como destino turístico. Precisam, sobretudo, saber receber bem e orientar o turista. Mariana não tem hotéis nem restaurantes. Não tem programas de recepção e acompanhamento dos turistas. Poderia concluir e movimentar seu Centro de Convenções, já edificado, mas sem ações de mercadologia turística, especialmente captação de eventos. Ouro Preto precisa ofertar mais atrativos. O Teatro-Casa da Ópera está fechado. O Centro de Convenções virou auditório da UFOP e também não exerce a disputa de eventos. O famoso Festival de Inverno tornou-se um arremedo do que já foi. É local, provinciano e sem conteúdo atraente. Os preços de tudo são elevados.

Para atrair mais visitantes é preciso que estas cidades trabalhem “pacotes” com agências de viagem de Belo Horizonte, São Paulo, Rio e Brasília. E até do exterior. E que tenham programas de atratividade, com estímulos diversos. Que elaborem e implantem programas do tipo “Estímulo ao Turismo de Eventos e Negócios” ou “Ouro Preto Receptiva e Hospitaleira”, como Belo Horizonte está fazendo, procurando dar sustentabilidade à visibilidade obtida com a Copa do Mundo. E que haja diálogo entre o “trade” turístico. E as Prefeituras, que podem solidariamente armar promoções especiais, na área cultural e seus diversos setores, na gastronomia, na disputa de eventos que vençam a sazonalidade. E que estejam presentes em Belo Horizonte, hoje uma cidade que recebe dezenas de eventos, ofertando programas especiais de visita às cidades, com propostas criativas e competitivas. Não basta só reclamar e ficar de braços cruzados, confiando apenas no patrimônio histórico. No mundo de hoje, interconectado, com enorme competitividade de ofertas, é preciso estar ativo, presente, com propostas bem elaboradas, realistas. É preciso concorrer com competência.

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