Uma boa resposta

04 de Novembro de 2016
Valdete Braga

Valdete Braga

“– Nem vem que hoje eu não estou boa.

– Uai, e eu com isso? Por acaso fui eu quem te fez ficar ruim?”

Quando ouvi este diálogo, senti vontade de cumprimentar a autora da resposta. Que coisa boa quando alguém responde à altura certos atrevidinhos que acham que podem ir falando o que quiserem e com quem quiserem.

É comum isto. A pessoa está em um dia ruim, com problemas (quem não os tem?) e por isso se vê no direito de sair distribuindo “patadas” a torto e a direito. No caso em questão, a outra nem havia dito nada ainda, e a estressadinha já foi com quatro pedras em cada mão. Levou a resposta que merecia.

A verdade é que, no mundo em que vivemos, é praticamente impossível manter a calma e o bom humor o tempo todo. As pessoas andam cansadas, estressadas, a própria vida está nos tornando assim. Mas cabe a nós lutarmos contra isto. E, principalmente, cabe a nós entendermos que o outro não tem culpa e não podemos derramar em cima dele nossas frustrações e problemas. Ah, se todos que estão com algum problema resolvessem sair por aí “prendendo e arrebentando”, já estaríamos de volta à idade da pedra há muito tempo.

Gentileza gera gentileza e grosseria gera grosseria. Em outras palavras, cada um dá o que recebe. É tão bom quando a gente se vê entre pessoas gentis, educadas, pessoas que nos transmitem bons sentimentos e nos fazem nos sentir bem, que, mesmo sem perceber, transmitimos gentileza também. Por outro lado, se o outro é agressivo e sem educação, nos sentimos agredidos e a tendência é devolvermos na mesma moeda.

Somos humanos. Não sabemos e não conseguimos oferecer a outra face. Creio que nem devemos. O ideal seria aprendermos a revidar sem necessariamente nos igualarmos ao agressor. Existem agressores que nem percebem que estão agredindo, e são estes que precisam mais de nossa ajuda.

Cabe ao agredido mostrar a ele que as coisas não são assim, seja com uma resposta à altura, seja com um simples ignorar, cada situação tem a sua especificidade e deve ser tratada de acordo com ela. O que não podemos é entrar na sintonia do estressadinho, senão a situação só piora.

Particularmente, adorei a resposta. Onde já se viu, a pessoa simplesmente chega perto da outra e antes mesmo de dizer a que veio, já leva um “coice”?

Calma lá, por mais difícil que seja a situação que estejamos passando, não temos esse direito. “Se não está boa, não fui eu te fiz ficar ruim”. Ponto.

Colocou a mal educada em seu lugar sem brigas ou agressão. Creio que o caminho seja este. Se o outro não entende que eu não tenho culpa dos problemas dele, não serei eu a ensinar. Uma boa resposta, sem descer ao nível, é a solução.

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