Uma vez mais, os políticos cuidam de si e não do País

17 de Março de 2014
Jornal O Liberal

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Mauro Werkema

O meio político vive momento de efervescência no Congresso Nacional. Mas não se trata de discussões relativas ao seu trabalho, à discussão e votação de matérias de interesse do País, ou de construção de maiorias capazes de retirar da gaveta iniciativas há muito reclamadas. Também não se discute a reforma política tão esperada há anos, fonte de desqualificação da atividade legislativa, da vida partidária ou mesmo de eficiência da atuação do Congresso e maior qualidade da representação política. Trata-se, na verdade, de movimentação do PMDB para pedir mais cargos, maior poder na divisão do bolo governamental, maior capacidade de nomear e participar de benesses governamentais, como tem sido sua prática.

O interesse público fica em segundo plano. Cobra-se da presidente Dilma mais favores e a pressão se faz justamente na hora em que se aproximam as eleições e sabe-se do grande interesse eleitoral em formar ou manter alianças para compor maiorias. Fica muito claro que se trata de chantagem política, muito a gosto do PMDB, partido que é uma frente de múltiplos interesses menos os que realmente interessam à Nação. Esta é a verdade, que os fatos demonstram de maneira insofismável e lamentável. Vota-se uma CPI para apurar denúncias de corrupção na Petrobrás não porque haja o efetivo interesse dos parlamentares em apurar os fatos mas como pressão ao governo para ceder novos cargos e favores.

É fundamental que a população perceba bem o que está acontecendo para bem votar na eleição que se aproxima. É preciso renovar a representação parlamentar. É essencial uma reforma política, que nunca será feita pelo atual Congresso, voltado para si mesmo e seus compromissos pessoais. De outro lado, é fundamental também extinguir o modelo atual de composição dos governos, vigente não só no governo federal, de compartilhamento político/partidário. O governo federal tem 39 ministérios, uma maneira de acomodar a todos os partidos. E cada um procura tirar o maior proveito possível, com nomeações, obras de interesse político, baixa eficiência gerencial e administrativa e desvio de recursos públicos, seja pela corrupção direta ou por aplicações de duvidosa prioridade.

Lamentavelmente é o que assistimos, em momento em que seria importante o Brasil avançar, recuperar níveis mais elevados de desenvolvimento econômico, de dar continuidade a programas de mais justa distribuição de renda, sem demagogias ou populismos. Em meio a muitos problemas, o Congresso, pelo PMDB, dá ao País uma triste e descarada demonstração de fisiologismo, de despreocupação com as grandes causas públicas, de trabalhar apenas para satisfazer seu insaciável apetite por abocanhar cada vez mais fatias do governo e suas benesses. Neste quadro, é previsível que teremos novas manifestações, até mesmo porque pouco ou nada se atendeu do protesto das ruas de junho do ano passado. Desta vez, em meio à Copa do Mundo de Futebol, com dois bilhões de pessoas de todo o mundo olhando para o Brasil, certamente os protestos ganharão amplitude. E encontram motivo nesta vergonhosa conduta dos parlamentares.

A campanha política até agora não se revela fértil quanto a novas ideias. Ou propósitos transformadores. Apenas disputa-se o poder e mesmo a oposição, que prega a substituição do PT no governo, onde já está há quase 12 anos, não apresenta avanços. É a busca do poder pelo poder, com velhas propostas, sem avanço ou criatividade, mesmo para as questões mais comezinhas. O fato é que governo e oposição claudicam, apenas disputam o poder e suas regalias, sem capacidade de inovar, de ousadia, de desenvolver programas transformadores. Continuarão presos a este modelo de governo de coalizão, com o bolo governamental dividido entre os partidos, cada vez mais simples aglomerações de interesses e negócios, de que nos dá exemplo concreto o PMDB nestas manobras para ampliar seu espaço de influência não para votar matérias de alto interesse público mas simples luta por aumentar o acesso ao espólio governamental. Lamentável para todos nós.

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